O meu armário

Sempre considerei que um armário arrumado equivale a cabeça arrumada. Mais do que uma questão de higiene, de hábitos de fada-do-lar, de cuidado pessoal e de brio, ter um armário organizado e limpo reflecte o que vai no estado de espírito da pessoa.
Não sou psicóloga e não posso decerto compreender o que se passa na cabeça da Bree Van De Kamp, visto que ela é a pessoa mais meticulosa que existe e, ao mesmo tempo, não me parece que bata muito bem da cabecinha. Mas devo recordar-me que ela é ficcão e o que eu conheço é a minha realidade.
Pois bem...apesar de ser uma pessoa muito arrumada e limpa e andar sempre impecavelmente vestida e colocar roupa na máquina a cada 4 dias, o meu armário estava desarrumado desde Setembro. Não é desarrumado de sujo, mas sim desarrumado de desorganizado, com roupas amarrotadas, não dobradas, cores misturadas, fios a saírem de algumas camisolas e a enrodilharem-se noutras. Uma verdadeira batalha. Desde Setembro por várias vezes abri o armário e joguei tudo ao chão na vã esperança de forçar-me a uma decisão. Forçar-me a arrumá-lo. E 3 minutos depois desistia e voltava a pegar em tudo com os braços abertos e meter a roupa toda lá dentro...
...Até ontem.
Ontem joguei tudo para o chão como tantas outras vezes. Mas fui até ao final. Dobrei as dezenas de tops, camisolas de meia manga, manga comprida, de algodão, de viscose, seda, lã e malha, guardei num canto as peças de vestuário que já não utilizava há mais de dois anos para dar aos meninos da paróquia aqui da zona. Arrumei-o, está lindo e eu estou feliz.
Começou ontem a minha nova vida.