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Ode a Milão

11.9.09
Não cumpri o que a Andorinha me aconselhou: "nunca voltes ao sítio onde foste feliz". Não porque não quisesse ou não concordasse, mas porque tive de voltar para o casamento de uma amiga italiana muito especial - o primeiro casamento de amigos a que vou na minha vida.
Depois de ter deixado Milão há sensivelmente um mês, ontem regressei.
Já no aeroporto, todos me faziam perguntas sobre a cidade e pediam-me direcções, às quais eu respondia prontamente e sem hesitação. Senti que morava ainda ali. Que é como nunca tivesse partido.

A minha antiga senhoria deixou-me ficar no apartamento onde vivi nos últimos 2 anos. Regressei ao meu quarto, agora vazio, de objectos e de qualquer vestígio de alma e não posso descrever a estranheza que senti. Mas dormi...em paz.

A coisa mais interessante de todas é que tinha sempre receio - e foi um dos motivos que me fez decidir vir embora - que ficando em Milão, ficaria presa às memórias de uma relação falhada e de uma pessoa que durante grande parte do tempo foi a minha principal referência nesta cidade. Ontem percebi que não.

Sentada no shuttle com direcção a Milão, só me lembrava das coisas boas que aquela cidade me ofereceu: os panzerotti do Luini, andar de bicicleta no Parco Sempione, as noitadas na La Banque, jantares às 4 da manhã de pasta al forno com os amigos, ainda atordoados pelo gin e pelas horas passadas a dançar, da cioccolata calda al peperoncino do Choco Cult, das noites fabulosas no Blue Note, as centenas de saídas com os colegas de trabalho, as imitações dos colegas, as amizades grandes com a Andreia, Hugo, Alessandra, Renée, e os amigos de one-night-stand, das noites de verão no terraço do Hotel Cavalieri em Missori, de entrar no E-Dreams e pensar "então, para onde é que vou viajar no próximo fim-de-semana", das aulas de Português com o Michele na Mondadori do Duomo, das noitadas com a Holly a beber vinho e a rir como perdidas e a reproduzir - fielmente - cenas de Friends...lembrei-me destas coisas. E aí percebi: os melhores momentos que passei nesta cidade, não estão em nenhum momento relacionados com ele. Milão tem uma memória própria, uma vida própria. Gosto desta cidade e vou regressar sempre que puder, visto que não sou uma turista. Sou da casa.

4 comentários:

  1. Fiz um sorriso enorme a ler o texto.
    Um beijo

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  2. não posso comentar... tenho uma tatuagem que diz MILANO

    amo a minha cidade!

    obrigada

    p.s. tinha-te dito que ias amar milão!

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  3. Coisa linda, a frase é pra ser levada também no sentido figurado: não estejas sempre a tentar voltar ao passado. O mais importante é que qdo voltaste a milão, voltaste a recordações mais recentes, coisas que te fazem feliz. E quando eu digo frases como essa (e as sinto, acredita que as sinto), é pra não sonhares que nada se altera e tudo permanece imutável como quando aí vivias. Agora ainda é cedo :) Só foste há um mês, ainda estás de "férias", enfim, agora é fácil. Não faças é tentativas de revivals, essas são excelentes qdo resultam e depois deixam-nos o coração cheioooo e partidinho logo a seguir em mil pedaços :)

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  4. Tens toda a razão querida Andorinha...e eu compreendi o que quiseste dizer. Sei que compreendes bem este tipo de situações! :)

    Um beijinho!!

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