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Casa

5.5.10
A Lúcia, que me conhece desde os 9 anos, há uns tempos disse que admirava o facto de eu não ter apego ao lar, no sentido lato do termo.
Referia-se a Portimão, a cidade que nos viu nascer. Ali vivi toda a minha infância e aos 17 fui para a universidade em Leiria. Aos 21 para o Rio de Janeiro. Aos 22 para Milão. Aos 25 para Lisboa. A Portimão volto de vez em quando aos fins-de-semana para ver a família e para mergulhar nas águas da Praia da Rocha.
O que ela não sabe é que cada um dos sítios onde morei são a minha casa.

Senti isso nesta última vez que estive em Milão.
No passado fui-me embora daquela cidade duas vezes, convencida de que era para sempre: em Agosto de 2006 quando acabou o meu semestre Erasmus e em Agosto de 2009 quando me despedi do meu emprego e quis mudar de vida. Anteontem ao ver Milão a perder-se de vista, não senti que partia definitivamente. Talvez porque nunca partimos realmente do lugar onde vivemos.
Por isso, na semana passada, assim que cheguei à Piazza di San Babila, no centro de Milão, na noite em que o Inter tinha passado à final e vi todos os carros embrulhados em bandeiras azuis e pretas, jovens nas motos sem capacete, o barulho dos gritos, apitos e buzinas, não achei estranho. Sorri como uma mãe que sorri com as brincadeiras do filho malandreco. Senti-me como um filho pródigo que regressa a casa. Estava em casa.

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