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A arrufada

1.11.06
Todos temos algo de que não gostamos. Eu tenho algumas coisas que não gosto mesmo nada. Não gosto de lulas, polvos, chocos e toda aquela família estranha com muitos braços e que se abana sozinha no prato, mesmo depois de cozinhados. Não gosto de figos porque quando se abrem para comer, não conseguimos distinguir o que é fruto do que é minhoca. Abomino baratas devido a um grande trauma de infância, em que uma barata voou até à minha cabeça. E não gosto de arrufadas, aquele bolo em forma de não-sei-o-quê com um bocado de coco ralado no topo. Qualquer uma destas coisas sempre desgostei desde criança...e nunca aprendi a gostar.


E qual não é o meu espanto quando a minha mãe traz para casa, toda pimpona e alegre, uma arrufada para a filha dela? Quando ela me abriu o embrulho do bolo, toda orgulhosa por me oferecer algo doce (sabendo que neste momento da minha vida eu realmente preciso de glicose), eu não sabia se ria ou se chorava...
Não porque aquilo era uma arrufada. Mas porque a minha mãe não me conhece.
Perguntei-lhe tristemente: "Não sabes que não gosto de arrufadas, mãe?". Respondeu-me com uma evasiva qualquer e ali fiquei eu...sem reacção.
Estranho é como aquela arrufada fez-me pensar durante horas e dias nas relações que mantenho com os mais estreitos...
Até que ponto os nossos pais nos conhecem? Será que é por distracção da parte deles? Ou será culpa nossa porque nunca nos preocupámos em marcar a nossa personalidade, independente da deles? Será que um dia nos casarmos, eles vão mandar fazer um bolo com caju, sabendo que somos alérgicos? Porque é que os pais trazem arrufadas para os filhos? Não podiam trazer somente um bolo de arroz ou um queque, que colhe unanimidade entre as mulheres?
"We are all alone, even if we have somebody by our side".

4 comentários:

  1. Não acredito que a tua mãe não te conheça bem... Conhece-te bem noutros sentidos, de certeza!`

    Estou de acordo quando dizes que nós não nos damos a conhecer...

    Por vezes pensamos que as pessoas deviam nos conhecer melhor por convivermos com elas todos os dias, ou por termos saído do seu ventre, mas também devíamos lembrar-lhes o que gostamos ou não, o que queremos ou não... Não há mal nenhum nisso...

    Faz parte do nosso processo na vida, educar-nos a nós e aos outros!

    Fica bem!

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  2. Epá, isso da barata deve ter sido terrivel. Eu passei por uma experiência semelhante, mas com uma osga. Ainda hoje fico bloqueado sempre que vejo uma.

    Quanto à arrufada... nem sabia que esse bolo existia LOL. Mas é um bocado irritante quando os nossos pais fazem esse tipo de coisas. Mas eu acho que eles não fazem isso por falta de conhecimento. Acho que essas atitudes estão mais relacionadas com o declinio das funções mentais, típicas da menopausa LOL.

    Rodrigo

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  3. é pá tb na gostas de nada do q é bom (tirando as baratas ehehe)! eu cá só n gosto de bacalhau cozido e porrada (enjoei em pequenino...)
    ainda por cima arrufadas q são tão boas!!! quentinhas com manteiga e fiambre ui ui... são a minha companhia no final das noites de verão eheheh ( daí a minha forma redonda :) )

    ta td bem ctg rafaela?

    beijinhos

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  4. olá. prazer em ler-te:). eu acho que os nossos pais gostam de "negar" as nossas diferenças, porque talvez nos tornem menos "deles", menos "como eles"... mas tb menos nós, por isso, viva a diferença! e devolve a arrufada à tua mãe, pode ser q engula ;) ou manda pra mim ;)

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