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Yes, We Can - o slogan perfeito

7.11.08
Não sei se terá sido o próprio Barack Obama a idealizá-lo. É mais provável que tenha sido o seu enorme staff. Mas seja quem tenha sido, ficará na história: "Yes, we can" é talvez o slogan mais incisivo, poderoso e colectivo de sempre, à semelhança de apenas "Think small" de Bill Bernbach (para a campanha Volkswagen) e "Hasta la victoria siempre" do comandante Che Guevara.

Mas qual é o segredo por detrás do sucesso clamoroso destas três palavras?
Em primeiro lugar, o número. Simplesmente três palavras; uma frase clara, curta, simples, talvez até mesmo sejam demasiadas palavras para ser um slogan. Três palavras potentes e polivalentes ao mesmo tempo, palavras de uso mais do que comum e ainda assim poderosas e profundas.

Yes é a primeira palavra. Talvez seja a palavra mais significativa de todo o slogan; liberta um arrebatador sentimento de optimismo que deve ser a base e o ponto de partida de qualquer mudança.
Obama quer mudar a América e, portanto, o Mundo, mas para o fazer é necessário o optimismo da gente, a esperança de um futuro melhor, a confiança.
Um pormenor importante é a vírgula depois da palavra "Yes". Ela assinala, em termos sintáticos, uma pausa e revela-se fundamental para compreender o significado de todo o slogan: depois de ter pronunciado a palavra "yes", ou seja após ter esclarecido que é o optimismo o ponto de partida, a pausa marca um momento de reflexão, um momento em que cada um deve olhar para dentro de si mesmo e perceber se é dotado deste sentimento positivo.

We é a palavra central. A sua posição não é casual, mas evoca explicitamente o seu significado profundo. "We" na verdade significa "nós" e, no sentido lato, todas as comunidades, toda a unidade de mentes e corpos da América. A sua posição não é casual, dizia eu, porque "liga" a primeira palavra à segunda. É este o significado: o povo deve estar unido para poder efectuar uma mudança; ninguém pode mudar o mundo sozinho, nem eu, nem tu, nem ele, mas NÓS. O optimismo é assim o ponto de partida, mas é a união de intentos e de esforços que pode concretizar a mudança.

Can é o verbo e a palavra conclusiva e portanto a palavra mais intensa e poderosa de toda a frase. É um verbo auxiliar modal que tem dois significados: poder fazer e saber fazer.
Em ambas as acepções do termo, "can" não quer exprimir uma tentativa, mas uma vontade tenaz e decidida de chegar até ao fundo; de poder fazer exactamente porque se sabe fazer, ou seja, de mudar o mundo porque se é capaz de mudar o mundo. Os americanos podem mudar a América e sabem como se muda a América.

"Yes, we can" é uma mensagem forte, intensa, que fala directamente ao coração da gente.
A mudança é possível, mas nasce com o optimismo e toma asas com a colaboração.



Nota: Tradução do texto original em italiano, gentilmente cedido pelo autor, que pode ser encontrado aqui.

3 comentários:

  1. "yes we can"
    politica à parte,uma frase para interiorizar.

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  2. Pois, é uma análise interessante. Mas há um aspecto que deve ser levado em conta. É o "can"... Toda a gente o interpreta como um sinal de poder, de capacidade de concretização. Eu encaro-o na tradução literal como "lata".

    Sim, nós lata. Bairro da lata? Não. Nós temos lata, temos lata para seja o que for. O que é, logo se verá ao longo destes quatro anos.

    Não sei se se lembram: "read my lips" também era um excelente slogan. Mas depois ficaram todos a ler os lábios do senhor, mas sem perceber nada.

    Já dizia a minha avó: As latas são como os melões. Só depois de abrir é que se sabe o que vem lá de dentro.

    Ass: Anónimo, da Silva

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