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Os outros e nós - Parte I

17.6.09


Um dos trabalhos mais importantes que realizei nos tempos de universidade foi um estudo sobre a imagologia: como a imagem do ser português era representada na literatura em geral e como éramos retratados pelos estrangeiros.
Lembro-me tão bem quando pegámos naquela velha Sony do namorado da minha amiga de infância e lá viajámos de Leiria para Lisboa para entrevistar e filmar pessoas no meio da rua.
Pegou-se-me o gostinho das câmaras e lá me punha eu, qual Oprah portuguesa, a entrevistar as pessoas.
À distância de quatro/cinco anos, penso agora quão ridículo foi: eu escrevi sobre a imagem dos portugueses sem nunca ter saído do país. A primeira vez que viajei foi no último ano do curso, mais precisamente, para o outro lado do Atlântico. Boa estreia, não é?

Lição número 1: só podemos aprender sobre o que é ser português, quando tivermos vivido noutro país.

Ao morar em Itália há mais de dois anos e aprendendo (quase) tudo o que há para aprender sobre este povo - as coisas entusiasmantes e as menos felizes - também aprofundei a minha identidade nacional. Comecei, ouso dizer, a amar mais o meu país e a minha gente. A sentir orgulho das nossas coisas, a sorrir com cumplicidade com os nossos defeitos, a inchar-me de orgulho quando um italiano ou viajante que encontro por aí me fala bem de Lisboa ou do bacalhau ou do fado ou do nosso céu azul, que é mais azul do que nos outros lugares.

Lição número 2: aprende-se a amar o nosso país quando vemos o reflexo do que é Portugal através do olhar do outro.

(continua)

3 comentários:

  1. Já há algum tempo que te leio, mas penso que nunca comentei. Amei este texto, com o qual concordo. Muito bom!

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  2. É engraçado que sou da mesma opinião. Acho que tomei muito mais consciência do que é ser portuguesa, e quanto isso influência a minha forma de estar, depois de estar fora. Acho que se ganha uma visão mais distanciada e alargada, e maior sentido crítico, para o bem e para o mal, porque aprendemos a dar valor e reconhecer as coisas boas também.
    Sou muito mais portuguesa agora que antes.

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  3. Completamente de acordo! Só depois de se estar lá fora - viagens, mero acaso, trabalho - é que damos realmente valor ao nosso pequenino país! E, pelas experiências que já tive e tenho tido além fronteiras, ORGULHO-ME de ser portuesa e ORGULHO-ME do nosso país, mesmo que um dia a opção seja continuar a vida noutro lugar, o que está cá dentro nada o mudará! :)

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