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Da auto-estima e beleza efectiva

22.7.09

O mundo rendeu-se à Primeira-Dama americana. A imprensa caiu-lhe sobre os pés. Todas as mulheres admiram a sua elegância e gabam-lhe a sorte de ter casado com um homem maravilhoso.
Michelle Obama é uma mulher inteligente: será esse o primeiro adjectivo a atribuir-se-lhe. Depois vem tudo o resto.
Sou uma pessoa que tenho uma relação conflituosa com o conceito de beleza. Talvez por nunca me ter inserido nos cânones. Talvez por ter passado de uma cidade como o Rio de Janeiro onde o tipo curvas-pele escura-cabelos encaracolados era apreciado (o meu tipo) a uma cidade como Milão, em que precisamente o oposto do meu físico é que é considerado belo: magra-loira-alta-cabelos lisos. Tornei-me verdadeiramente obcecada com a beleza física ao ponto de avaliar minuciosamente as pessoas que conheço e tentar julgá-las fisicamente e tentar justificar a sua felicidade/infelicidade dependendo do aspecto físico da pessoa. Mas isso é outra história.

A Michelle é uma pessoa que me intriga. Precisamente porque, apesar de ter o mundo (e a Vogue) aos seus pés, não é particularmente bonita.


A seu favor abona o seu físico atlético, provém de uma família de basquetebolistas, justificando de certa forma a sua altura superior a 1,80m. Tem braços elegantes e musculosos na medida certa, que não se priva de exibir. Foi aliás a primeira Primeira-Dama a usar um vestido sem mangas numa cerimónia oficial, como aconteceu em Itália na Cimeira do G8, na semana passada.


Depois vem a sua natural ousadia, como as cores e acessórios que usa. Não é qualquer pessoa que tem coragem para vestir um vestido amarelo com uma flor verde, mas ela fá-lo com uma graciosidade invejável.

Michelle conta o segredo: desde criança, todos os dias os seus pais e irmãos diziam-lhe que era linda. Ela afirma que se convenceu mesmo disso e que nunca mete em causa a sua confiança feminina ou auto-estima. E isto transparece ao exterior, certo?

Então pergunto-me: há tanta gente bonita que não acredita que o é e que vivem sempre com um fantasma de insegurança que lhes tolda cada movimento e atitude. Como provar-lhes que são lindas e que podem vencer o mundo?

5 comentários:

  1. Lá está, também eu sempre me achei bonita. Mas percebi cedo que por muito bonita que seja de cara, se não a valorizo, ela perde-se. Ou seja, mais que bonita temos de saber como nos apresentar e valorizar as nossas mais-valias. E a Michelle faz isso. Se formos a ver ao microscópio a cara dela, não é bonita, é interessante. Mas todo o seu estilo dá-lhe uma elegância que a torna bonita e muito atraente.

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  2. Ora,então quer dizer que tudo começa por dentro e isso vê-se por fora?...

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  3. Penso como você Rafaella.
    Michelle é muito bonita, elegante e
    parece ser gente "finíssima" por assim dizer...
    Aliás, eu sou tão aberta ao "diverso". Sou brasileira, descendente de italianos, portugueses, negros e espanhóis.
    Cresci neste país convivendo com diferentes tipos de "beleza", como você bem o sabe já que morou no Rio de Janeiro e hoje já adulta sou mais aberta ainda à diversidade...
    Enfim, pontos pra você, você tem opiniões bem sensatas sobre os fatos.
    Abraços,

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  4. Acredita (eu sei que tu sabes bem disso) que ouvir desde sempre e aprender a viver com o conceito é por demais importante. O caso contrário acontece na mesma proporção: ouvir desde sempre que somos desajeitadas, esquisitas, que não somos como a irmã/prima/tia que é "maneirinha" que nada questiona, não foge à regra e diz tudo no sítio... acaba por ter um efeito de tal forma negativo que se torna quase impossível despir a capa de "pessoa estranha-desajeitada-feia-sem préstimo"! Eu cresci exactamente no ambiente inverso da Michele e hoje analiso (será mais "esmiuçar" e não analisar) tantas vezes as minhas reacções e momentos da minha vida e sei que no fundo o cerne da questão é esse facto.

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  5. Eu e os meus irmão dizemos todos os dias à nossa irmã pequenina que ela é linda linda. Espero que faça o mesmo efeito. Ela diz que não acredita, mas além de ser mesmo linda, acho que é bom ela saber que nunca deve aceitar quem não seja assim, quem não lhe diga que ela é linda sempre...

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