Manhã
Acordei muito cedo.
De manhã tinha de ir ao INPS, vulgo Segurança Social italiana, pedir uma declaração em como havia descontado cerca de 500 euros todos os meses para a Segurança Social...dinheiro esse que nunca mais vou ver na vida.
Depois quis comprar um souvenir antes de me ir embora, qualquer coisa para mim, visto que não fui a nenhuma loja durante os saldos milaneses e queria ir-me embora com uma coisa simbólica italiana. Fiquei-me por um par de óculos brancos da Armani. Giros.
Fui comprar também uma trolley azul turquesa na Carpisa. Saldos de 30%, nada mal.
Toda a manhã senti níveis de stress altíssimos, seja por a hora da partida estar a aproximar-se, seja porque a mala custava a fechar e ainda tinha coisas espalhadas pela secretária que não fazia ideia onde as iria enfiar. Além do stress tinha um amargo na boca, aquela sensação que não conseguimos identificar a 100%, seria medo, excitação, pontinha de arrependimento por ser tão impulsiva e espontânea? Também desestabilizada porque tinha recebido um e-mail do meu ex em que pedia para nunca mais o contactar e em que ameaçava apagar todo o meu blog através dos seus conhecimentos de hacker só porque não acatei ao seu pedido - que me tinha feito semanas antes - de apagar toda e qualquer referência à nossa história amorosa neste meu blog. Fez-me até uma lista num documento word, de várias páginas, com todas as palavras e frases e posts que requeria que eu apagasse para todo o sempre. Isto tudo acompanhado história do costume "ai que estou tão feliz com a minha nova namorada, que mora comigo aqui na Líbia, que é perfeita, e tem o 46 de soutien e é atlética e linda e que até já a apresentei aos meus pais de tanto que a amo, mas deixa-me lá passar 3 horas por dia no blog da minha ex, porque não tenho mais nada que fazer". Obviamente não é bonito receber e-mails do género. Na manhã da minha partida, dei o meu grande grito do Ipiranga quando, ao receber um segundo e-mail dele, certamente tão simpático como os outros, apaguei-o antes de o ler. Ponto para mim. Acabou-se, não quero mais que ele tenha esta influência nefasta sobre o meu humor e amor-próprio. Tenho de meter na cabeça que ele já não é a pessoa com quem vivi durante dois anos em Milão. No entanto, o amargo da boca ainda cá está. E receio que seja uma amargura numa área mais vasta do que na boca apenas.
Tarde
Peguei na mala que, segundo a minha balança digital e usando o método caseiro "pesar-me sozinha e depois pesar-me com a mala e ver a diferença de peso", vi que teria uns 5 kgs em excesso. Pensei "ok, não morro pelos 8 euros que custa cada kilo em excesso". Mal sabia eu que as companhias aéreas aumentam os preços a cada semana, e que agora cada kilo era 12 euros.
Peguei na mala nova cheiinha de coisas, mais a trolley pequena perfeita para bagagem de mão, mais a mala do portátil, mais a minha mala (ou seja "purse" - por que raio usamos a mesma palavra - mala - para dizer "purse" e "suitcase"??) e lá fui eu para o aeroporto.
Dirigi-me para o check-in e começou a aventura.
A minha mala grande tinha 25 kgs e a rapariga do check-in informou-me a melhor notícia dos últimos tempos:
- A Easyjet permite UMA SÓ bagagem de mão. Você tem 3 (a mala de mão, a trolley e a mala do portátil). Não lhe vão deixar passar nas portas de segurança.
Apesar das minhas tentativas para lhe explicar que não podia enfiar o portátil em mais nenhum lado, ela foi irredutível. Disse-me para colocar o portátil e a a mala-purse dentro do trolley pequeno, que este passava visto ter dimensões perfeitas.
Saí da fila.
Fiz uma grande ginástica e lá libertei algum espaço no trolley pequeno e meti coisas na mala grande. Sempre era melhor pagar peso em excesso do que ter de mandar 2 bagagens para o porão.
Voltei para a fila do check-in, desta vez, escolhi uma outra rapariga menos chata. Resultado: a minha mala grande estava inchadíssima, deitei fora a mala do portátil - não tinha mesmo sítio onde a enfiar - e coloquei o portátil dentro do meu trolley que levaria como bagagem de mão. Mas a mala-purse tinha-a à mesma na mão, pois não havia espaço em lado nenhum para as coisas que tinha lá dentro.
No check-in a rapariga viu que a mala grande tinha 26 kgs, mas escreveu só 5 kgs em excesso no recibo. Foi simpática. Fui pagar os 60 euros (12 euros x 5 kgs) e voltei ao check-in. Eu agradeci-lhe e lá fui eu com a minha trolley pequenina com muita lingerie e portátil e disco externo à mistura e a minha mala purse.
Cheguei ao controlo de segurança e estava lá a maior CABRA do universo:
- Não pode passar com estes dois volumes. Tem de colocar a mala dentro do trolley.
- Senhora, mas já tive de deitar fora a mala do portátil e colocá-lo cá dentro. É impossível, não cabe também a mala.
- Então não pode passar. Tem de mandar o trolley pelo porão.
Ainda tentei fazer outra dose de ginástica e enfiar a mala dentro do trolley mas era mesmo impossível. Voltei ao check-in, à mesma rapariga que me tinha feito o desconto de um kilinho.
Disse-lhe quase a chorar que queria matar todas as pessoas da Easyjet e depois suicidar-me a mim, mas acho que piadas relativas a homicídios no aeroporto não são muito bem-vindas, por isso corrigi logo com um "excepto a si, que é muito simpática".
E então, para pesar meu, dei-lhe a trolley para mandar para o porão. Vamos à parte da matemática, que isto vai ser engraçado. Ora, só pelo facto de termos uma bagagem adicional para mandar pagam-se 22 euros. Depois por cada quilo adicional, pagam-se os 12 euros. Ora, pesámos a trolley que tinha 12 kgs.
Eu teria de pagar: 22 euros (bagagem extra) + 12 euros x 12 kgs = 166 euros.
No recibo - porque no check-in nunca recebem dinheiro, temos de ir com o recibo ao balcão da Easyjet no centro do aeroporto para pagar - ela colocou somente 1 volume extra = 22 euros.
Eu olhei para ela e perguntei:
- Então e os kgs em excesso?
- Schhhhh... - e saudou-me com um sorriso cúmplice.
Fiquei emocionadíssima com o gesto e lá fui pagar os 22 euros em vez dos 166.
Depois voltei ao check-in para retirar o bilhete e agradeci à rapariga muito carinhosamente. Há pessoas assim. Fiquei a pensar quantas vezes já fui beneficiada por ser uma pessoa simpática - existe mesmo esta tendência para que os outros nos façam favores e nos ofereçam coisas, é extraordinário.
Passei pela CABRA dos controlos de segurança, agora só com a minha mala-purse - e tive de enfiar o meu portátil lá dentro porque não o quis mandar para o porão, mas a mala sendo pequena, metade do portátil estava de fora. Felizmente não implicou com isso e deixou-me a passar.
Só repetia para mim "Quando chegar a casa, vou jurar que é mentira".
- A Easyjet permite UMA SÓ bagagem de mão. Você tem 3 (a mala de mão, a trolley e a mala do portátil). Não lhe vão deixar passar nas portas de segurança.
Apesar das minhas tentativas para lhe explicar que não podia enfiar o portátil em mais nenhum lado, ela foi irredutível. Disse-me para colocar o portátil e a a mala-purse dentro do trolley pequeno, que este passava visto ter dimensões perfeitas.
Saí da fila.
Fiz uma grande ginástica e lá libertei algum espaço no trolley pequeno e meti coisas na mala grande. Sempre era melhor pagar peso em excesso do que ter de mandar 2 bagagens para o porão.
Voltei para a fila do check-in, desta vez, escolhi uma outra rapariga menos chata. Resultado: a minha mala grande estava inchadíssima, deitei fora a mala do portátil - não tinha mesmo sítio onde a enfiar - e coloquei o portátil dentro do meu trolley que levaria como bagagem de mão. Mas a mala-purse tinha-a à mesma na mão, pois não havia espaço em lado nenhum para as coisas que tinha lá dentro.
No check-in a rapariga viu que a mala grande tinha 26 kgs, mas escreveu só 5 kgs em excesso no recibo. Foi simpática. Fui pagar os 60 euros (12 euros x 5 kgs) e voltei ao check-in. Eu agradeci-lhe e lá fui eu com a minha trolley pequenina com muita lingerie e portátil e disco externo à mistura e a minha mala purse.
Cheguei ao controlo de segurança e estava lá a maior CABRA do universo:
- Não pode passar com estes dois volumes. Tem de colocar a mala dentro do trolley.
- Senhora, mas já tive de deitar fora a mala do portátil e colocá-lo cá dentro. É impossível, não cabe também a mala.
- Então não pode passar. Tem de mandar o trolley pelo porão.
Ainda tentei fazer outra dose de ginástica e enfiar a mala dentro do trolley mas era mesmo impossível. Voltei ao check-in, à mesma rapariga que me tinha feito o desconto de um kilinho.
Disse-lhe quase a chorar que queria matar todas as pessoas da Easyjet e depois suicidar-me a mim, mas acho que piadas relativas a homicídios no aeroporto não são muito bem-vindas, por isso corrigi logo com um "excepto a si, que é muito simpática".
E então, para pesar meu, dei-lhe a trolley para mandar para o porão. Vamos à parte da matemática, que isto vai ser engraçado. Ora, só pelo facto de termos uma bagagem adicional para mandar pagam-se 22 euros. Depois por cada quilo adicional, pagam-se os 12 euros. Ora, pesámos a trolley que tinha 12 kgs.
Eu teria de pagar: 22 euros (bagagem extra) + 12 euros x 12 kgs = 166 euros.
No recibo - porque no check-in nunca recebem dinheiro, temos de ir com o recibo ao balcão da Easyjet no centro do aeroporto para pagar - ela colocou somente 1 volume extra = 22 euros.
Eu olhei para ela e perguntei:
- Então e os kgs em excesso?
- Schhhhh... - e saudou-me com um sorriso cúmplice.
Fiquei emocionadíssima com o gesto e lá fui pagar os 22 euros em vez dos 166.
Depois voltei ao check-in para retirar o bilhete e agradeci à rapariga muito carinhosamente. Há pessoas assim. Fiquei a pensar quantas vezes já fui beneficiada por ser uma pessoa simpática - existe mesmo esta tendência para que os outros nos façam favores e nos ofereçam coisas, é extraordinário.
Passei pela CABRA dos controlos de segurança, agora só com a minha mala-purse - e tive de enfiar o meu portátil lá dentro porque não o quis mandar para o porão, mas a mala sendo pequena, metade do portátil estava de fora. Felizmente não implicou com isso e deixou-me a passar.
Só repetia para mim "Quando chegar a casa, vou jurar que é mentira".
Fim de Tarde
Cheguei a Lisboa no final da tarde e fiquei assustada com os 5000 posters sobre a Gripe A que decoravam o aeroporto de Lisboa. Em Itália, ninguém fala da Gripe A, é perfeitamente como se não existisse.
Esperei as malas, fui à Vodafone comprar um cartão para pôr no Blackberry e apanhei táxi para o Oriente, esperei duas horas - que usei de forma muito produtiva passeando-me pelo Vasco da Gama - pelo autocarro da Renex que me levaria para Portimão.
No autocarro, fiquei com o número de um dos lugares da frente, em que podia ter vista panorâmica sobre a estrada. A noite estava a cair e a lua cheia estava maravilhosa e linda.
Estava finalmente em casa.
Oh Rafaela, ainda bem que voltaste. Já toda a gente se inquiria sobre o que te teria acontecido. Boa sorte para a tua aventura portuguesa!
ResponderEliminarOh Sãozinha, obrigada pelas tuas boas-vindas! :)
ResponderEliminarHavemos de combinar um cafezinho agora pela rentrée, ok? :)
É marcar!
ResponderEliminarmarca, marca...
ResponderEliminarhá quase um ano que tento combinar um café com a moça...
rafa, não vai ser fácil!
:D
Bem, que dia cheio de emoções fortes!
ResponderEliminarOlá!!! Já voltei de férias, já não vinha há net há quase um mês :D
ResponderEliminarJá estás em Portimão, como te estás a adaptar? Manda-me um mail com novidades, vá!
Beijinhos!
Hugo
P.s. "Em Itália, ninguém fala da Gripe A, é perfeitamente como se não existisse."
Cá em Pt abusam provavelmente, mas é preocupante que em Itália não se fale de nada, não é?
Fiquei stressada só de ler! É por isso que nas viagens importantes tipo estas já decidi que só vou na TAP, ou na KLM no máximo, sempre é mais fácil. É que no meu caso tinha a cadela, já viste o que era? Ficava o cão ou o portátil? Mas é que ni hablar!
ResponderEliminarQue tenhas um bom re-começo ;)
RafAELA so hoje vi a passagem que teve com a easyjet por causa da bagaguem,mas felismente encontrou uma pessoa boa no meio disso tudo,porque o que nao nos falta sao pessoas mÁS.Tudo de bom para si,e as maiores felicidades .UMA AMIGA...
ResponderEliminar