A minha amiga Li tem uma beleza acima da média. Como isso não basta, foi agraciada pela mãe Natureza (e pela mãe Rosa) também com um belo cérebro e coração. Conheci a maior parte dos namorados da Li e, apesar de serem todos giros, sei que ela os escolhia pela inteligência. Um dia, conversando sobre as nossas (des)aventuras no campo do amor, ela disse-me naquele tom habitual de quem diz uma verdade incontestável:
- Amiga, nós não temos queda para burros!
Esta frase, apesar do seu tom jocoso, tem-nos acompanhado no decorrer dos anos e ilustra a forma como nos posicionamos perante os homens. Ainda hoje a mencionamos quando falamos de alguém em particular. A primeira relação séria que tive foi com uma pessoa com pouca ambição intelectual. Aos poucos este defeito foi-se tornando insuportável para mim pois não lido bem com a pequenez de espírito.
Ser-se burro é altamente subjectivo. Se à partida pode ser fácil excluir uma pessoa que dê erros ortográficos - que para mim, é o pior turn-off de todos * - a questão vai muito para além disso. O burro é aquele que acima de tudo não quer aprender. O burro não quer viajar, não ambiciona melhorar a sua vida, não quer ver o filme que ganhou o Óscar e não conhece o mundo onde vive. O burro não se interessa em saber a história de colonização do seu país, portanto quando vê um negro não sabe como reagir. Cala-se quando se fala da política do Médio Oriente pois prefere não ter uma opinião sobre as coisas do mundo. Ser burro é diferente do que não ter instrução: as pessoas mais geniais que conheço não têm um Doutoramento, e algumas nem passaram do 9º ano. A burrice não se avalia através de uma análise curricular, avalia-se pela atitude.
Se este tipo de exigência um dia poderá sair-me pela culatra?
Talvez. Mas o facto de saber o que não quero dá-me paz de espírito para continuar a minha viagem, mesmo sozinha.
Se este tipo de exigência um dia poderá sair-me pela culatra?
Talvez. Mas o facto de saber o que não quero dá-me paz de espírito para continuar a minha viagem, mesmo sozinha.
* Aprendi a relativizar a questão dos erros quando vivi em Itália. Trabalhava e tinha uma vida social lá e, apesar de ser fluente em Italiano, nunca estudei gramática nem propriedade linguística, portanto podia acontecer que me saísse um erro ou outro ao escrever em italiano. E obviamente não queria que me excluíssem a priori por isso. Obviamente em Português é mais grave porque se trata da língua mãe da pessoa.
Minha querida amiga: não há dúvida que este post surpreendeu-me, não pela forma como começas mas sim como terminas com palavras tão sábias.... não há dúvida que a "burrice" pode ser uma escolha e nada estar relacionado com as qualificações académicas de cada um. Sempre disse a toda à gente que a minha avó embora tivesse a 4ª classe era das mulheres mais cultas e espertas qua alguma vez conheci,sabia desde política, história e até literatura (foi dela que herdei o gosto pela escrita de Truman capote),isto porque ela foi sempre insaciável no "querer saber, e querer aprender" até ao fim dos seus dias. Era uma excelente storyteller:)
ResponderEliminarIsto para dizer que é normal que queiramos alguém ao nosso lado que passe ao lado da "burrice" e más interpretações à parte a definição de burrice para mim é exactamente o que descreveste neste post. Tal como tu as pessoas mais espertas que conheci na vida não tiveram a oportunidade de estudar no entanto aprendi e aprendo com elas sempre coisas novas acerca de tudo:)
És genial, tenho orgulho em ti:)
Li, obrigada do fundo do coração pelo teu comentário. Porém, estou longe de ser genial ou sábia. São este tipo de coisas que vamos aprendendo com a vida.
ResponderEliminarGosto de ti, gosto da ideia de continuar a partilhar os meus pensamentos e sentimentos contigo. E vice-versa. Ensinaste-me que há sempre algo melhor out there.
Um abraço forte.
Adorei o post,
ResponderEliminarconcordo e realmente para mim dar erros ortográficos (GRAVES) é meio caminho andado.
Tenho um post sobre as exigências que um homem tem que cumprir: http://ideias-i-natas.blogspot.com
Vou seguir o blog, gostei!