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Moços Pequenos

20.5.10

Gosto muito de usar estas duas palavras juntas. Normalmente é a única expressão que denuncia a minha proveniência algarvia, visto que os meus paizinhos me criaram numa casa sem sotaques, o que me permitiu desde sempre dizer os "is" nos meios de palavras como cadeira e feira.
Mas adiante, pois tenho este hábito terrível de me perder nas introduções. Hábito esse presente que herdei seja da minha mãe portuguesa, seja do meu avô angolano, que de cada vez que começam a contar algo, fazem-me repetir vezes sem conta "Vá, Vá, Avança". Ou seja, ambas as minhas origens genéticas padecem este mal. Não há como escapar. Posto isto, vamos ao que interessa.

Ontem, estava eu no autocarro, depois de um dia muito muito muito muito chato e vejo estas duas irmãs pequeninas que entram. Uma com os seus 3 aninhos e outra com uns 10. As duas sentam-se nos dois lugares livres à minha frente e a mãe fica em pé. Começa o berreiro da mais nova:

- Ahhhhhhhhh, não quero ficar perto da mana! Quero que a mãe se sente aqui ao meu lado comigooooo!

- Mas filha, então porquê? Fica aí com a mana quietinha, vá.

E o berreiro da menina continua para mal dos meus pecados e tímpanos.

- NAAAAAAAA, a mana é feia! Não quero, não quero, não quero! Quero a mamãaaaaaaaa!!!

A irmã, na sabedoria dos seus 10 anos, saca dos seus 4 Flinstones em miniatura e diz para a mana resmungona:

- Vá mana, vamos brincar um bocadinho.

E a criança que até ali não tinha parado de gritar, transfigura-se-lhe o rosto, começa a rir e pega no Fred e na Wilma e mete-os aos beijos, começando a cantar muito alto:

- És o meu amor, és o meu amor!

E ria muito. E cantava!


Conclusões:

1 - Tenho saudades dos Flinstones.


2 - Tenho saudades dos tempos em que me esquecia facilmente dos amuos e quando os sentimentos de mágoa e zanga passavam em um minuto.

2 comentários:

  1. Acho que o facto de sermos adultas nos faz ter uma espécie de "circuito" maior por onde vão passar as zangas, amuos e afins. Cá para mim, a explicação de não passarem tão depressa, é só por terem de fazer um trajecto maior. Mas depois de passarem, fortalecem-nos e vão limando arestas. Podemos sempre ver o assunto por esta perspectiva...
    Beijinho

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  2. Bem dito Tina :)

    Rafa quando comecei a ler o post e durante a introdução (parte que eu adora nas tuas estórias, histórias, desabafos e contestações...) pensei mesmo que ias falar de moços pequenos, ou seja da tua opinião pública sobre homens baixos!Como tal nao aconteceu deixo-te o desafio :p
    eheheh
    Beijinhos!!!

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