Siena, a minha cidade preferida |
A Itália é o país do mundo com o melhor marketing.
Há uns meses lia numa revista de economia um artigo sobre jovens empreendedores e retive uma grande verdade: "O Made in Italy funciona sempre".
Tudo que tem o cunho e origem italiana tem a priori sucesso garantido: o vinho, os sapatos, a gastronomia, o vestuário, os clubes de futebol, a alta costura e o cinema. Tem sido assim desde o Renascimento em que a Itália lutava exclusivamente com a França na área da arte e da literatura.
No entanto, o marketing para as massas da nova geração não foca a arte, nem o calçado, nem a gastronomia, mas foca o amor e a dolce vita. O mundo inteiro - sem excepção - tem uma visão altamente e, a meu ver, dramaticamente, romantizada da Itália. Esta ideia onírica de Itália é transmitida pelo cinema, seja o de boa ou o de má qualidade. Em filmes-obra-prima como Nuovo Cinema Paradiso e Il Postino, as ideias transmitidas prendem-se essencialmente com a sensibilidade do homem italiano, o amor pela arte, o luxo de bem viver. Em filmes-pipoca que pululam nos nossos cinemas, como Em Roma (When in Rome), Cartas para Julieta (Letters to Juliet) e o hit da rentrée Comer, Orar e Amar (Eat, Pray, Love) os temas recorrentes são o encontrar um grande amor. Mesmo que o grande amor não seja um italiano charmoso moreno de olhos verdes, que o mundo inteiro meteu na cabeça que existe aos pontapés em Itália, no filme aparece sempre alguém da nacionalidade da estrela do filme e vivem realmente felizes para sempre, porque a Itália em si favorece o aparecimento da paixão.
Tretas.
Esta imagem cor-de-rosa que se tem de Itália torna-a um dos países mais visitados do mundo, sendo ultrapassado apenas pelos Estados Unidos, pela cidade de Nova Iorque em particular.
Eu conheci a Itália por dentro: estudei, trabalhei, fiz muitos amigos e alguns inimigos, amei e odiei. Vivi a verdadeira Itália, sem plumas de enfeite, sem máscaras e sem ilusões. E quando saio do cinema, depois de ter chorado baba e ranho com um filme parvo chamado Cartas para Julieta, apercebo-me o que a Itália é, acima de tudo: uma perfeita máquina manipuladora de massas.
E agora, dêem-me licença que vou abrir um Nero d'Avola e beber uma taça.
Ainda hoje a Itália foi o meu choque cultural mais intenso. Quando era mais pequena, era um sonho conhecer o país e, quando lá fui pela primeira vez, em 1996, simplesmente detestei. Ainda hoje não voltei a Florença, depois de tal visita. No entanto, gostei de Roma, dez anos mais tarde. E muito. Penso que tenho de voltar para umas visitas mais prolongadas.
ResponderEliminarFlorença também é o meu ódio de estimação. Fui em 2006 e não gostei nada, achei demasiado falsa e artificial. E, implacável, não voltei a dar uma segunda oportunidade à cidade. Roma gosto, Siena e Nápoles adoro. E Milão, mi sta nel cuore, porque é bom viver lá. Mas ainda assim, marketing muito marketing!
ResponderEliminarEu gostei de Florença e do pôr-do-sol na ponte vecchio... é o meu lado lamechas e romântico, pronto, confesso!
ResponderEliminarMas os dias que passei na Sicilia, numa pequena aldeia na provincia de Agrigento, tiveram outro sabor. Fui em trabalho e fiquei em casa de sicilianos puros, que me introduziram nas festas de família e me fizeram engordar três quilos! Foi giríssimo e sem qualquer marketing ou tratamento de cosmética :)