Tendo morado em várias cidades e países diferentes, tive a oportunidade de começar várias vezes do zero. Começar do zero implica arranjar um lugar para morar, adoptar um bairro como nosso, começar a reconhecer os rostos nas ruas por onde passamos diariamente, saber de cor os caminhos, memorizar os graffiti que enfeitam os muros da nossa zona, encontrar um trabalho, adaptarmo-nos aos novos colegas de trabalho e às suas peculiaridades, perceber de quem podemos ser amigos e de quem devemos manter a distância, escolher um café preferido onde gostamos de ir e onde nos conhecem pelo nome e, finalmente, formar um grupo de amigos.
Aos 27 anos cumpri cada um destes processos quatro vezes na minha vida: em Leiria, Rio de Janeiro, Milão e Lisboa. E sabe-me bem. É uma coisa da qual me orgulho: a minha capacidade de integração. A desdramatização de cada reinício.
No entanto, preocupa-me um bocado esta dispersão de vida que vivo, passe a redundância. Tenho extraordinários amigos espalhados um pouco por todo o lado. Normalmente as pessoas congregam na sua área geográfica as pessoas mais importantes da sua vida. Pessoas que facilmente poderão estar presentes nos momentos importantes da vida de cada um.
E eu? Não consigo conceber a minha existência sem a Daniela, a Giorgia, a Silvia B., o Paolo, o Stefano, a Renée. Sem a Holly, sem a Ana Maria, sem a Sílvia C, sem a Tina. Pessoas que moram longe de mim e provavelmente nunca mais morarão na mesma cidade do que eu.
Portanto, pergunto-me se quando eu casar, será que consigo fazer com que pessoas de várias partes do mundo venham ao meu casamento? E quando eu morrer? Será que vão estar presentes no meu funeral e dar um abraço aos meus pais? Ou será que a distância é tão estupidamente castradora ao ponto de limitar uma intimidade ao raio geográfico?
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Eu tenho a "sorte" de ter amigos espalhados em todo o mundo, e algo sob o que nao podes ter control e alem disso e uma oportunidade fantastica para fazer visitas, o melhor e ter lembrancas deles e no ponto de reencontro falar daquelas experiencias.
ResponderEliminarJá estive presente em casamentos em Inglaterra, Alemanha, Grécia, França, Espanha e, obviamente, Portugal. Já fui a outras celebrações nos mesmos países, e ainda acrescento Itália e Letónia, por exemplo. Também por ter vivido em países e cidades diferentes. Mas sobretudo pelo facto de os meus amigos nessas cidades estrangeiras, serem também eles estrangeiros que acabaram por regressar às suas cidades Natais. E já os tive cá, comigo. Vindos do Brasil, Canadá, França, Bélgica, etc, etc. As "fronteiras" já não são o que eram. ;-)
ResponderEliminarMinha querida, claro que vou ao teu casamento e vou estar presente em todas as ocasiões memoráveis da tua vida seja aqui ou na China. Tal e qual como espero que estejas presente em todas as ocasiões importantes na minha vida. Só não irei ao teu funeral porque, acreditando na lei natural da vida e sendo eu mais velha, espero que vás tu ao meu.
ResponderEliminarAcho que de todas as dificuldades que as relações afectivas têm de enfrentar, sejam amizades ou não, a distância geográfica é a menor de todas. Ainda por cima, dispondo de todas estas tecnologias, que servem precisamente para facilitar a aproximação das pessoas, mesmo se o tiro lhes saiu pela culatra e as pessoas se afastem cada vez mais.
ResponderEliminarQuando queremos, as pessoas estão só a um passinho de distância, estejam elas a um quarteirão de distância ou na China.
E claro que sim, todas as pessoas, que gostam realmente de ti, estarão sempre presentes nos momentos mais importantes da tua vida, seja em pessoa, ou naquele cantinho do coração, que guardas especialmente para eles. :)
Infelizmente a distancia geográfica limita o relacionamento... Queria poder estar mais vezes contigo, poder ir às sextas feiras a coisas e sítios diferentes, fazer coisas intelectualmente estimulantes ou estupidamente divertidas... Assim é um bocadinho mais difícil MAS NADA impossível. Ainda que não mores perto de mim eu gosto que vivas em Lisboa. Motivos? 1 - Não é assim tão longe; 2- Estás na capital e na capital tudo acontece; 3 - Lisboa tem a tua cara e encontras sempre mil e uma coisa para tornares as minhas visitas ainda mais ricas; 4 - Sabe bem de vez em quando fugir da "minha vida rotineira" e passar um bom momento contigo!! Razões mais que muitas para até congratular a distância que nos afasta e fazer dela um "vou só ali a Lisboa e já venho!!!"
ResponderEliminarPS - Se fores morar para outro país qualquer (e tiveres condições para me receber)já sabes que a dada altura terás de gramar comigo porque eu adoro viajar e se for contigo então MELHOR! ;)Quanto a casamentos funerais baptizados uniões de facto divórcios e afins, ESTOU SEMPRE LÁ! ;)
Solução Fácil: não cases, nem morras!
ResponderEliminarEu também já vivi essa experiência de morar em cidades diferentes. A parte pior, é sem duvida, os amigos que deixamos para trás. Acho que me encontrei em Lisboa - e mais cedo, ou mais tarde, todos temos esta necessidade de encontrar um sitio onde possamos fazer "o ninho". O bom disto tudo, é que depois, podemos sempre visitar os amigos (e vice-versa), e quando estes são verdadeiros, é fantástico sentir que as coisas ainda são como dantes. As mesmas gargalhadas, aquela cumplicidade...
ResponderEliminarCostumo dizer que a maior riqueza que tenho são as pessoa que conheci ao longo da vida. E sou mesmo uma pessoa de sorte.... Sei que onde quer que esteja, posso contar com eles. E eles comigo. É isso a amizade.
@Alatryste, foi bonito o que disseste. Tens toda a razão. Quanto ao presente, estou contente por morar na mesma cidade do que tu e por podermos ser amigos. :) Vamos aproveitar.
ResponderEliminar@GM, é bonito esse desmistificar da fronteira física que mencionas. Tens razão.
@Tina, obrigada. Não tinha a certeza se haveria de mencionar o teu nome ou não, visto fazeres parte da minha vida do dia-a-dia. Mas ainda bem que "estamos juntas".
@Helena, a verdade é que eu lido bem com a distância afectiva e emocional e sei que estamos todos no coração uns dos outros. Mas é mais: eu quero ser a pessoa a quem telefonam quando o meu amigo for promovido, eu quero ser a primeira a consolar a minha amiga quando o namorado acabar com ela, eu quero ser a primeira a abraçar o meu amigo quando ele for despedido...e sei que não será possível, porque estou longe.
@Sílvia, eu adoro-te miúda. Estou à tua espera. Descobri uns novos spots lindos e tens de provar um sumo de laranja com beterraba que encontrei em Belém no outro dia. :)
@Bernas, não casar é provável. Não morrer é impossível.:)
No teu casamento, minha querida, estarei seguramente, não perco isso por nada deste mundo! :D E os AMIGOS AMIGOS esses estarão todos lá, porque não é a distância que os impedirá de estar presentes nesse momento histórico! Sou um pouco crítica quanto a isto de amigos que não estão presentes em certos momentos, tal como o que referes, porque nao sabem se poderão ou nao. Isto porque já passei por algo parecido, nao directamente claro está, mas no grupo de amigas e quando uma grande amiga em tempos nos diz que gostaria muito de ir, mas que ainda não sabe se estará lá nesse dia, já sabemos de antemão que não estará. Isto tudo, porque ao longo de seis anos também dizia de marcar encontros aquando de visitas por Portugal e, ano após ano, ficávamos a saber o mesmo: NADA...mesmo quando tentávamos o contacto. Enfim...saber por um familiar que ela tinha estado grávida e era mãe de uma menina, confesso que nos chocou, nao pelo facto, mas por ela, a nossa melhor amiga em tempos, não nos ter contado logo no primeiro dia de que iria ser mãe. Coisas da vida...
ResponderEliminarAnyway, vamos ao que é importante. Calculo que essa tal Ana Maria seja alguém que eu muito conheça. Fico contente por saber que ela está na tua lista - ela manda dizer que também estás na dela, hoje e sempre :)
Como sabes, também já estive além fronteiras umas temporadas e nessa experiência fiz amigos, que foram durante uns tempos a minha família, e tenho a sorte de ter alguém que me receba nuns quantos de países.
Agora, a minha mudança para Madrid levou alguns anos a concretizar-se, por um lado porque muitas vezes não me imaginava a sair da cidade que adorava e adoro, a abdicar de todos os amigos que aí tinha, do sol, do mar, do rio, do meu ginásio, da minha rotina, das saídas do trabalho às 16h da tarde, das conversas já depois da meia-noite seguidas de muitas gargalhadas, das tentativas de gravação de vídeos que resultavam em gargalhadas incontroláveis, dos pequenos-almoços no Sfizio, no meu primeiro gelado na Santini, do bairro alto, do Chiado do 708, dos amigos e dos amigos e dos amigos, etc etc etc.
Estou agora mais longe, mas tudo isso veio comigo e está comigo "heart and soul" diariamente. :)
Marca lá a data que eu estarei lá a segurar-te o véu :D
P.S.: Hoje logo de manhãzinha lembrei-me de ti. Perguntava-me um colega se conhecia alguma portuguesa para fazer locução de rádio e que soubesse cantar. E FEZ-SE LUZ IMEDIATA NA MINHA CABEÇA: A RAFAEEEEEEEEELA! .... o problema é que não estás por cá, serias a pessoa perfeita!
P.S.2.: Ao teu funeral espero não ir, porque espero sinceramente que bem antes de descubra a fonte da vida eterna :)
ResponderEliminar@Miss Ana, como sabes que gosto de te chamar...snif, snif.
ResponderEliminarObrigada por este longo comentário. Mimas-me em demasia, depois torno-me esta miúda insuportável que acha que tem os maiores amigos do mundo.
Vai demorar muito para me casar, mas tou a ver que os "comentadores" aqui deste post vão lá estar todos. Ah ah. :)
Sei que não deve ser fácil começar do zero em Madrid. Se precisares de uma voz portuguesa de vez em quando, este rapaz GM que comentou em segundo lugar costuma ir frequentemente a Madrid e podem ir tomar uns copos :)
E sim, obviamente, se aí estivesse seria eu a locutora/cantora...estou a ficar velha e a perder a oportunidade de me tornar uma super star, pá!
Vamos combinar encontro. Esqueci-me de te dizer: o meu vôo para Tel-aviv parte de Madrid. Iuppiii...assim mato 2 coelhos de uma cajadada só ok? Depois escrevo-te com detalhes.
Beijo enorme
niceeeeeeeeee! Dá-me todos os pormenores, datas, horas, tudo, vou aonde estiveres :D
ResponderEliminarEntão, estava em busca de uma imagem do Djavan quando me deparei com o teu canto. E fiquei a ler tuas histórias tuas reflexões. Muito bacana. E por aqui ficarei se me permitir.
ResponderEliminarBeijos, moça caminhante.
Embora numa escala geométrica mais reduzida, já passei por esse processo de recomeço e adaptação nove vezes (com diferentes graus de sucesso). Por um lado, neste momento, parece-me perfeitamente normal fazer 400 kms para estar uma hora com alguém de quem tenho saudades e tenho dificuldade em compreender quem acha que atravessar a cidade já é um feito notável; por outro, é cansativo ter de andar sempre a fazer opções para decidir com quem se quer estar. É claro que quando se tem um oceano pelo meio é muitíssimo mais complicado e penso que consigo perceber o que sentes. A verdade é que já começo a ficar cansada e a ter vontade de criar raízes.
ResponderEliminarEscala geográfica, queria eu dizer :)
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