You must pay for everything in this world, one way and another.
There is nothing free except the grace of God.
Dedicado às minhas amigas resistentes aos westerns: Li e Sãozinha.
Eu sei.
Eu sei que nós não fomos educadas no tempo dos westerns. Por mais que caia num discurso ignorante, pois os entendidos de cinema afirmam que o estilo western é a base de tudo e a fonte de toda a criação cinematográfica, eu nunca gostei de westerns. Steve Mcqueen, John Wayne, Charles Bronson, Clint Eastwood, James Coburn...nunca me disseram absolutamente nada. Os filmes sempre me pareceram muito amarelados, cheios de terra e de pó. Os cowboys têm sempre aqueles bigodes fartos e acinzentados e ar de quem não tomam banho há 10 dias e que fazem xixi nas calças. E aqueles bares...como se chamam, mesmo? Ah, isso mesmo, os saloons. Que horror, devem ter um cheiro a aguardente horrível. São filmes em que as mulheres fazem sempre papel de estúpidas e que só atrapalham os homens. Eu sei disto tudo.
Mas também sei que os Irmãos Coen não se meteriam numa coisa destas à toa. True Grit (Verdadeira Garra, numa tradução literal) é o filme mais linear e épico desta dupla de realizadores que já assinou filmes extraordinários como o Fargo, Burn after Reading, No Country for Old Men. E arriscaram num western, sim. Mas foi um western feito na contemporaneidade. O livro no qual se baseou é um clássico americano, mas a abordagem é do século XXI. O filme foca temas que nunca saem de moda: a determinação, a vingança, a força e a persistência.
Depois existe a Hailee Steinfeld. Ah...a Hailee. Vocês lembram-se como é ter 14 anos? Com aquele ar de quem já sabe tudo da vida e a que o mundo já não tem nenhum segredo a revelar? A personagem Mattie Ross é assim. Mas é uma pessoa mesmo sábia. Não era como eu que aos 14 anos saía à noite e vestia mini-saias pela primeira vez e achava que era rainha da cocada preta. A Mattie decidiu tomar conta da honra da família e pegar o touro pelos cornos. Neste caso o cavalo pelas rédeas e o Jeff Bridges pela mão. Ficamos encantados com a inteligência da miúda a partir do primeiro segundo e até ao fecho da cortina ficamos com a boca aberta como se tivéssemos sido atropelados por um camião de emoções.
O Jeff Bridges está muito longe daquele pianista galã que disputava a Michelle Pfeifer n'Os Fabulosos Irmãos Baker. Toda a gente sabe que eu gosto de cantar e durante a minha infância/adolescência (e também adultez, mas não digam a ninguém) fantasiei deitar-me em cima de um piano de cauda, de preferência branco, enquanto canto e troco olhares lascivos com o pianista. Como nunca conheci nenhum homem na vida real que soubesse tocar piano, nos meus sonhos, aparece o Jeff. Ora, este jovem foi amadurecendo e tornou-se um actor magistral, tal qual o conhecemos hoje: velho, oscarizado e barbudo.
Com os mesmíssimos Irmãos Coen, protagonizou o Big Lebowski, que ficará na história do cinema, pelas loucura da personagem e as citações memoráveis do seu "Dude". E vocês querem perder a oportunidade de ver novamente este trio a trabalhar juntos, mas 13 anos depois, muito mais maduros e com o talento potenciado? Não sendo uma especialista sobre a carreira do Jeff Bridges, custa-me afirmar coisas de forma peremptória, em tom de lei. Mas olhem, que se lixe, eu falo sempre como se tudo se tratasse de uma verdade absoluta e agora não será diferente:
- É o papel da vida do Jeff Bridges. E é o papel por que qualquer actor venderia a alma ao diabo para representar!
Quando eu chegar a velhinha e os meus netos me perguntarem se eu gosto de westerns, provavelmente responderei que não. No entanto irei acrescentar um "mas" e não me esquecerei de mencionar o meu filme preferido do ano de 2011.
Nem sempre tenho paciência, mas não rejeito um bom western.
ResponderEliminarE recomendo Silverado, de Lawrence Kasdan. Depois conversamos. ;)
Pois é Teresa, o Silverado é muito famoso, mas nunca o vi.
ResponderEliminarP.S.: depois de relido, confirmo: o uso do artigo foi propositado em cada uma das frases. :) Eu e o Jeff temos uma grande intimidade. :)
Rafa, o teu texto é tão convincente que quase, quase me conseguias converter a esta causa. De todo o modo, adoro os Coen, The Big Lebowski é dos meus filmes favoritos, e detesto deixar filmes por ver, mas se não vi o Unforgiven no respectivo ano, não abrirei excepções e morrerei ignorante...sou mesmo teimosa!
ResponderEliminarSãozinha, não custa nada tentar.
ResponderEliminarPosso contar pelo menos que tentas ir ver, mesmo depois dos Óscares? E depois não me importo que faças um post a achincalhar os westerns se tiver de ser. :)
Olha, sabes bem que não sou nenhuma intelectualóide maluca e obcecada...mas dá-me pena que não queiras ir ver o filme. É tão bom, roça o engraçado...e é emocionante. E é bom vermos filmes que provavelmente irão fazer história em primeira mão.
Beijinho.
Minhas amigas... não levem a mal aquilo que eu vou dizer (até porque respeito qualquer opinião desde que fundamentada). O grande problema dos westerns é que são muitas vezes mal interpretados, ainda antes de serem vistos. Já para não falar que os bons westerns são aqueles que por norma não passam na televisão com frequência.
ResponderEliminarRafaela reparei que referiste alguns actores de western menores, mas digo-te que esses não são de todo a melhor escolha, até porque para quem não gosta essa selecção só vem justificar a exclusão do género.
Os bons westerns são os de John Ford, Howard Hawks ou Sam Peckinpah imortalizados por actores como John Wayne ou Jane Fonda. Recomendo verem "A Desaparecida" de John Ford, que é uma lição de como fazer uma boa história de nos ficar agarrados à cadeira (em poucas palavras o filme trata de um resgate efectuado por J. Wayne de uma rapariga (sua sobrinha) pelos índios), depois aconselho o invulgar "Johnny Guitar" de Nicholas Ray, onde uma mulher assume as rédeas do filme, algo inesperado para a altura mas que ficou para a história. Joan Crawford é a actriz principal e tem um desempenho formidável (há um diálogo perto do fim que o falecido João Bernard da Costa sabia de cor!). Isto só para começar... e não estou a dar os típicos exemplos de westerns de tiros, diligências cercadas ou fortes a serem tomados de assalto, lol!
É claro que não quero impingir nada, mas acho importante não ficarmos por aquilo que se ouve dizer ou por trailers pouco reveladores...
O "Danças com Lobos", o "Imperdoável", o "Open Range", o "Brokeback Mountain", "O Comboio das 3:10" e agora este último dos Cohen são filmes que mesmo que não se goste muito do género se conseguem ver com relativa facilidade. Contudo não se esqueçam de uma coisa... quase todos eles são remakes de clássicos. Por isso apelo a irem sempre à origem das coisas. ;)
Beijos
Vi o filme num ficheiro assim manhoso, no pc e sem legendas, coisa que tornou um bocado complicado compreender na totalidade o que o Jeff Bridges diz. :)
ResponderEliminarAdorei o filme. Dos Irmãos Cohen ando há anos para ver o mítico The Big Lebowski (isto uma adolescente às vezes só desperta para o cinema de qualidade já tarde e depois tem muitos clássicos em atraso para ver).
Este True Grit deu-me vontade de o rever numa sala de cinema em condições, com um pacote de M&M's e legendas como deve de ser. Porque é um DAQUELES filmes. :) Tenho pena se o Jeff e a Hailee não ganharem o troféu mas a competição este ano é que uma qualidade imensa.
Beijinhos*
@Rafa: prometo que quando vir Unforgiven, verei True Grit. Unforgiven é o único filme vencedor que não vi, de 1980 para cá. @Ivo: Brokeback tem cóbois, mas não o tomo como western. Adorei o filme e penso que deveria ter ganho nesse ano.
ResponderEliminarMas olha que é assim que o designam... o filme foi classificado como western devido a vários elementos de mise en scène que o definem como tal. Reconheço que não é um western dentro dos padrões aos quais estamos habituados.
ResponderEliminarDe qualquer forma dou a mão à palmatória, não ligo muito a essas classificações que atribuem. Os géneros são sempre discutíveis. ;)
Quero tanto ver este filme! Deixas-me aqui a penar de curiosidade, mas agora só depois dos óscares. Bolas!
ResponderEliminar"Quando eu chegar a velhinha e os meus netos me perguntarem se eu gosto de westerns, provavelmente responderei que não. No entanto irei acrescentar um "mas" e não me esquecerei de mencionar o meu filme preferido do ano de 2011"
ResponderEliminarE não é já cá estou? e se os meus netos me perguntarem, eu respondo exactamente isto.
PS: um dia ainda iremos conversar acerca dos comentários que ambas fizemos a um post da Pólo...
vi ontem e adorei, excelente filme e excelentes interpretações do Jeff (também é meu amigo) e da Hailee.
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