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5 coisas que me fizeram espécie nos Óscares

23.2.15


Eu sou uma grande fã do Neil Patrick Harris. Pronto, confesso, sou uma grande fã da personagem Barney Stinson, da série How I Met Your Mother, que o Neil Patrick Harris recriou na televisão durante os últimos oito ou nove anos. Acho que foi a alma da série, mesmo não sendo o protagonista, e fazia-me sempre, sempre rir. Comecei a estar atenta ao que o rapaz fazia a nível de cinema, vi-o a apresentar os Tony Awards e os Emmys e fiquei profundamente fascinada pela sua graça e talento. Portanto, sim, as expectativas para os Óscares eram altas, meus senhores. 

Quando ele entra e faz aquele número musical em tributo aos grandes filmes do cinema, Moving Pictures, a minha alma ilumina-se: eu adoro musicais, aquelas melodias pomposas transportam-me imediatamente para a infância e fico totalmente imbuída no espírito de magia da música e do cinema. Pensei: «Uau, não podia haver melhor forma de iniciar a cerimónia!». Recordou-me aquele número de abertura com o Hugh Jackman na cerimónia de 2009, que deve ter sido a melhor de que me lembro. Mas depois disso, não houve muito mais. Uma graçola bem conseguida aqui e ali, uma provocação de vez em quando, uma parte em que aparece de cuecas evocando a bela cena de Birdman em que Michael Keaton fica preso do lado do fora do teatro, em plena Times Square. Pronto, foi isso. E não foi suficiente.

Eis alguns momentos que me fizeram soltar um "ouch" sonoro:

1 - Neil Patrick Harris a chatear a Octavia Spencer
Octavia Spencer, que venceu o Óscar em 2013, com o filme The Help (As Serviçais) foi contratada para "trabalhar" durante a cerimónia. O apresentador explicou ao público que havia uma caixa blindada com as suas previsões e nomeou Octavia como a guardiã da caixa. Disse-lhe que não podia desviar os olhos da caixa, que não podia levantar-se para ir à casa de banho e que não podia ir comer. E repetiu a parte do comer, o que foi um bocadinho parvo. Durante toda a cerimónia, dirigia-se à Octavia, para se certificar de que ela estava mesmo a tomar conta da caixa. As pessoas riam-se, mas deixou de ter piada à segunda ou terceira vez. 


2 - O discurso de Patricia Arquette falha
Eu compreendo o que ela quis fazer. Desde que vieram a conhecimento os e-mails privados da Sony com os quais se ficou a saber, aliás, se confirmou que as mulheres em Hollywood, à semelhança de todo o mercado de trabalho, ganham menos do que os homens, este tornou-se um assunto sério. O discurso de agradecimento de Arquette vem ao encontro desta onda de defesa dos direitos das mulheres que se tem notado nos últimos anos, mas ela falha redondamente, ao dizer que "andámos aqui a lutar pelos direitos dos outros" (e por outros, leia-se negros e homossexuais), "agora é a vez de vocês virem lutar pelos nossos direitos também". Praticamente, ela está a excluir as mulheres negras e homossexuais da equação ou a insinuar - mesmo inconscientemente, mesmo sem maldade - que as mulheres negras e homossexuais não têm lutado pelos direitos feministas. Hmm...pá, aquilo soou-me mal para caraças. Bem longe do politicamente correcto que ela pretendia.


3 - O espanto perante o talento da Lady Gaga
A Lady Gaga rebenta com a escala, recebe uma ovação e as pessoas do mundo inteiro ficam espantadas Não sendo eu uma grande apreciadora da música da Lady Gaga, sempre lhe reconheci um talento do outro mundo. Ando atenta aos concertos ao vivo que ela tem feito (em que transforma totalmente os seus hits comerciais e ritmados em músicas acústicas, renovadas da cabeça aos pés, toca piano lindamente e compõe para si e para outros). Quem nunca lhe deu valor enquanto performer vocal, é porque não tem ouvido absolutamente nenhum. Goste-se ou não se goste. Por isso, não foi nenhuma espécie de surpresa. Quem a ouviu ao vivo, quem viu as actuações com Tony Bennett, em que aposta num registo mais jazzístico, sabe que o que ela fez nos Óscares era o que se esperava. Brilhante, sim. Mas fico feliz de o mundo ter-lhe caído aos pés.

4 - O Eddie Redmayne leva o Óscar
Atenção! O rapaz dos lábios sem cor fez um excelente papel. Um papel desafiante, em termos físicos, um papel que comporta o peso de se representar alguém que está vivo e é um dos homens mais brilhantes do último século... ele levou com a pressão toda em cima. Mas é um papel estereotipado de Óscar. Eu torcia pelo Steve Carrell ou pelo Michael Keaton - porque acredito sinceramente que nenhum dos dois terá a oportunidade de voltar a ter um papel tão forte como o de Foxcatcher e o de Birdman. Mas ganha o Eddie que só vem comprovar a famosa teoria que é preciso fazer um papel de deficiente, autista ou gay para se ganhar um Óscar. 

5 - A ausência de Angelina Jolie e Brad Pitt
Facto: um tapete vermelho sem a Angelina Jolie e o Brad Pitt não vale nada. Não sei se eles têm alguma espécie de acordo tácito com a Jennifer Aniston (quando uma está nomeada e tem de aparecer, a outra não aparece - isto costuma acontecer - mas neste caso, nenhuma das duas estava nomeada), não sei se a Jolie ficou chateada por o filme Unbroken ter sido afastado dos Óscares, mas a verdade é que o casal mais mediático e, provavelmente, o mais bonito do mundo TEM sempre de aparecer. As nossas vidas já são chatas o suficientes e precisamos de ver exemplos de amor e fertilidade quando ligamos a televisão. Está mal, Brangelina!

Para o ano há mais. É o que nos safa.

2 comentários:

  1. Concordo contigo em tudo, sobretudo no 4. Adoro ovelhas negras e elas nunca recebem o galardão (recordar o Mickey Rourke no filme Wrestler...) pq?

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  2. A propósito, ouve lá isto: http://www.tsf.pt/paginainicial/AudioeVideo.aspx?content_id=4417113

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