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"Calada não fico"

26.6.06
Alguém me disse há uns anos que o tempo que passávamos na universidade era proveitoso não só pelo que aprendíamos em termos académicos, mas pelos contactos que travávamos. Mas para que serviriam esses contactos? Para nos ajudar um dia a arranjar um bom emprego? Ou para nos ajudar na nossa formação como pessoas? A pessoa não explicitou, mas eu cá adopto a segunda opção como a minha.
...

Um dia eu disse que se se escrevesse um livro sobre a Tina, teria forçosamente de ter este título: Calada não fico. Para aqueles que a conhecem bem, não é preciso explicar o porquê.
A Tina, uma mulher nos seus 30 e picos, que aos 29 anos - depois de estar 10 no mesmo emprego - decide fazer das tripas coração para estudar no Ensino Superior, é a verdadeira personificação da palavra "determinação". Vejo a sua determinação em tudo: ao entregar os trabalhos a tempo e horas, ao dissertar sobre a política externa dos países africanos na segunda metade do século XX com mais seriedade do que o Ministro da Economia, ao afirmar peremptoriamente que, embora tenha aderido às novas tecnologias dos chats e das sms, nunca se dobraria perante as abreviaturas simplistas e de utilizar a letra "K" e "X" em vez da letra "Q" "CH" e, acima de tudo, percepciono a sua determinação em relação às coisas que devem ser feitas, doa a quem doer.
No outro dia, a Tina disse-me que eu não a conhecia muito bem quando me perguntou o que ela fazia quando estava triste e eu não soube responder.
No entanto, para mim, conhecer bem uma pessoa não é enumerar. Não é dizer que a sua cor favorita é o azul, que o seu prato favorito é "Bacalhau Escondido", que o seu autor preferido é o Eça de Queiroz. Conhecer bem uma pessoa é saber exactamente o que lhe dizer quando ela está triste, quando está contente, quando a auto-estima está em baixo ou quando precisa urgentemente de rir.
Em mim, a Tina irá sempre encontrar a pessoa que a conhece da forma mais completa.

3 comentários:

  1. Querida Rafaela...
    Como poderás imaginar, fiquei emocionada quando li o teu post. Já me ouviste dizer isto algumas vezes ... mas vou repetir a aacrescentar algumas palavras muito justas: se há alguma altura em que reconheça que fui bafejada pela sorte, foi quando voltei a estudar. Além de ter realizado um sonho, cumprido um dos meus objectivos, conheci pessoas maravilhosas. Pessoas que me ajudaram, que me apoiaram incondicionalmente, que me deram alento para continuar nos meus "dias não", que me fizeram sorrir quando as lágrimas começavam a querer correr pela face. Pessoas que me ensinaram coisas novas, que me fizeram olhar para a vida com outros olhos. Pessoas como tu, Rafaela...

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  2. Parabéns!!Nunca pensei que ainda existissem pessoas tão cultas,tão interessantes e acima de tudo com uma escrita magnigica de se ler...passei por aqui por acaso e ADOREI!Tens carisma, personalidade e acima de tudo uma sensibilidade incrivel para escrever e descrever o tema...Os meus sinceros PARABÉNS, estou encantada;-)

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  3. Obrigada "anónima"...olha que nunca ninguém nunca foi tão caloroso comigo no que se respeita a elogios a este blog. As coisas que aqui rabisco saem-me do coração, mas o teu elogio foi uma agradável festinha no ego.:)
    Já agora, conhecemo-nos?:)

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