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10 razões por que queria ter a Lúcia comigo

27.4.07


Uma agulha magnética montada sobre um suporte adequado na horizontal de modo que possa girar é um instrumento, inventado pelos antigos chineses, chamado bússola. A bússola serve para orientação, para encontrar a direcção do Norte.

Desde os tempos de criança praticamente que chamamos uma à outra "bússola". Talvez porque seja mais fácil de encontrar o Norte quando a outra está presente. Eis as razões que me fazem sentir a sua "mancanza" na minha vida.

1 - A Lúcia é provavelmente a única pessoa que pode gozar comigo sem que eu me sinta mal comigo própria. Como do episódio que ela repete vezes sem conta em que ela estava a passar de carro com a irmã, enquanto eu descia a Avenida 25 de Abril em Portimão a comer um Cornetto de morango e a rir sozinha. Sorrio sempre com ternura quando ela descreve a minha cara de idiota.

2 - A Lúcia conhece-me desde os 10 anos, logo, presenciou toda a minha evolução como pessoa, as oscilações de carácter, as tristezas, as (muitas) alegrias, as desilusões, os sucessos...tudo sempre muito temperado de lágrimas e gargalhadas.

3 - A Lúcia é aquela pessoa que, apesar de ter a mesma idade do que eu - 2 semanas certas de diferença - sempre foi mais sensata e durante toda a vida sempre me colocou na linha quando eu exagerava.

4 - A Lúcia é a única pessoa do mundo cujo número do B.I. eu sei de cor: xxxxx912. Afinal de contas, os nossos números de B.I. são iguais, só muda o último dígito: o meu é o 7.

5 - A Lúcia deve ser a única pessoa do mundo que não gosta de Rui Veloso ou do Represas, pelo que eu preciso de passar mais tempo com ela para a convencer que eles têm músicas lindas e são músicos de verdadeiro talento. Mas na verdade sou um fracasso, nem consigo fazer com que ela cantarole "Mesmo sabendo que não gostavas, empenhei o meu anel de rubi para te levar ao concerto que havia no Rivoli..."

6 - A Lúcia conhece toda a minha família: os avós das duas partes, a minha bisavó (já falecida), a minha tia-avó (já falecida), a minha prima que dantes era pequena e não sabia falar, dizia "Eu ouvo" em vez de ouço e que agora é quase maior que idade e já tem mamas, a minha mãe (que ela adora e que a minha mãe adora), o meu pai (que tenta dar-lhe conselhos sobre a vida), os meus tios, as minhas paixonites de adolescente...sabe quem faz e fez parte da minha formação como pessoa.

7 - A Lúcia é uma pessoa de riso fácil, que me faz sempre sentir que sou a pessoa mais divertida ao cimo da terra. Pena que ela não ande a rir tanto nos últimos tempos...mas é algo que me faz muita falta ouvir: a gargalhada da Lúcia.

8 - A Lúcia tem saídas brilhantes e justificações extraordinariamente inédito-originais para as grandes questões da vida, que me fazem sempre dizer: "Essa foi a melhor de todos os tempos"

9 - A Lúcia conhece-me melhor do que qualquer pessoa. Sabe tudo o que me aconteceu, o que me acontece e arranja sempre forma de me convencer que nada de mal me acontecerá.

10 - A Lúcia é a pessoa que, passem os anos que passarem, mesmo que o mundo seja assolado por uma onda de ódio e de amnésia conjunta, mesmo que eu esteja a odissear por esse planeta fora, sabe que vou estar sempre sempre do lado dela. Para o que der e vier.

Bob Marley + Corinne Bailey Rae = AYO

20.4.07


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Fantástica mistura só podia dar fantástica música



Blindekuh: jantar de cegos

16.4.07

Existe um restaurante em Zurique (eleita na semana passada como a cidade do mundo com melhor qualidade de vida; Lisboa ocupou 43º lugar) que se chama Blindekuh. (cabra-cega em português) É um restaurante sui generis porque todos os funcionários são cegos e os clientes são tratados como cegos também. À entrada - que vemos aqui nesta fotografia - o cliente escolhe o prato que deseja comer e de seguida é conduzido a um mundo de sensações inéditas. Todo o ambiente é 100 % escuro: não existem janelas, não existe uma única luz. O cliente é guiado em forma de comboio, agarrando-se na cintura e ombro da pessoa da frente, até à sua mesa. Ali terá a sua refeição, ouvirá todos os outros clientes e poderá experienciar, ainda que por umas escassas horas, o que é ser cego. À parte da situação caricata de não encontrar os talheres, de não saber o aspecto daquilo que está a comer, de não olhar nos olhos da pessoa com quem está a jantar, todos dizem que é uma experiência inesquecível. Quem mo contou foi a minha amiga suíça Simone, que diz que durante o jantar não conseguiu praticamente falar com o namorado, mas que se concentrou bastante no sabor dos alimentos, no odor do espaço e nas reacções dos vizinhos de mesa. No mínimo, insólito. Para quem passar por Zurique, não percam a oportunidade de visitar este lugar:

Acho que não nos faz nada mal colocar-nos na pele dos outros de vez em quando.

Gosto do Edward Norton

7.4.07


Hoje ao ler um pequeno artigo sobre ele no jornal Corriere della Sera, dei-me conta que talvez seja o meu actor preferido.
"Camaleónico", é como lhe chamam. Pudera, é um dos poucos actores da sua geração - 38 anos - que conseguiu demonstrar uma versatilidade espantosa e o mais extraordinário de tudo é que consegue ser credível tanto em papéis de bom como de mau.
Ora, reavivemos a nossa memória:

- o primeiro grande papel da sua carreira, ao lado do Richard Gere, em que desempenhava um aparente menino do coro, mas que no final se revelava um pérfido assassino. Já tinha aquela altura enorme (mais de 1,90m) mas era ainda franzino. O filme era Primal Fear, aka, A raiz do medo.
- um padre católico púdico e celibatário ao lado de Ben Stiller (este um rabi), em que ambos se apaixonam pela loira trapalhona Jenna Elfman, em Keeping the Faith, ou Sedutora Tentação.
- um revoltado com o mundo em The 25th hour, A última hora, onde realizou o seu sonho de dirigido pelo génio Spike Lee, um filme que não nos deixa indiferentes e que aconselho vivamente.
- o ladrão traidor de Italian Job, num elenco de luxo.
- e, talvez no seu melhor papel até à data, o de um violento nazi que se transforma durante o seu tempo na cadeia, em American History X, ou América Proibida.

Há um outro filme que não posso mencionar porque ainda não vi, mas que todos os entusiastas de cinema que conheço insistem para que veja, o famoso e aclamadíssimo Fight Club. Já me mandaram o filme por correio em tom de ultimato e assim que tenha umas horas livres, vou vê-lo de certeza.


Isto tudo numa tentativa de demonstrar que Edward Norton é um caso de talento único, que não se dobra perante o mundo hollywoodiano do glamour, não vive para aparecer nas revistas, nem diz o que é bonito de se ouvir.
Aliás, o próprio afirma:


I'm not interested in making movies for everybody. I like making movies for myself and my friends and people with my sensibility.


Gosto dele e pronto.

A verdadeira publicidade

1.4.07
Sempre gostei de publicidade, embora não tenha nenhum conhecimento técnico sobre esta arte (que também tem o seu quê de ciência). No entanto, sempre soube apreciar o que era um bom anúncio publicitário. Quem não se lembra do famoso anúncio do Old Spice que colocou a Carmina Burana no ouvido e na boca de todos?
Ou de slogans eternos como "O algodão não engana", ou "Ambrósio, apetecia-me tomar algo", "Se eu não gostar de mim, quem gostará?" ou os mais recentes "Novidades, só no Continente!", "I'm lovin' it" ou "Quem sabe, sabe. E o BES sabe." só para citar alguns...

Obviamente que o escopo da publicidade é promover o produto e aumentar as suas vendas. Mas creio que a verdadeira publicidade é aquela de que todos falam e não conseguem tirar da cabeça.
Ora, eu vi(vi) uma experiência destas há pouco tempo.

Existe uma operadora de telemóveis italiana chamada TRE, que há umas semanas colocou exaustivamente por toda a cidade de Milão centenas de outdoors gigantescos onde figuravam 3 raparigas (o cliché da loira, morena e arruivada), em trajes ousados, promovendo este novo tarifário que se chamava COSTO ZERO. Ora, um dos slogans utilizados era justamente "TRE A COSTO ZERO" o que nos faz associar a outras coisas menos nobres do que um simples tarifário.

Marcou-me muito porque era uma exposição extraordinária ao corpo feminino (não é que eu seja púdica, longe disso, mas sou feminista, sem dúvida nenhuma) e os homens não conseguiam tirar os olhos daquilo. Vi situações de discussão à frente de um destes painéis, em que a namorada tinha ficado muito zangada com o namorado porque ele não conseguia tirar os olhos das...formas das raparigas. Olha, confesso que nem eu, que sou mulher, conseguia tirar os meus olhos das curvas delas.

A questão séria coloca-se quando pensamos a fundo no significado disto. O que isto nos diz sobre o nosso mundo? Que ainda vê a mulher como objecto sexual, capaz de fazer disparar as vendas de um telemóvel só porque têm vestidos abertos, com um zero nos seios?
Apercebi-me que isto estava a mexer com as pessoas quando no maior outdoor de Milão, em frente ao Cemitério Monumental estava escrito ao lado das pobres raparigas: SESSISTI DI MERDA.

Soube também que aos outdoors criaram alguns acidentes e que a Junta Autónoma de Estradas de Itália ordenou o seu retiro. Tudo isto aconteceu durante o último mês.

Aqui vai a imagem. Tirem as vossas próprias conclusões.

O meu trabalho

1.4.07
Parece que me esqueci de contar.
Regressei a Milão no dia 4 de Janeiro. Que grande mudança para começar o ano, hein?
Comecei a trabalhar como agente de web marketing, que inclui funções de tradução, localização, pesquisa na internet e marketing. Existe este famoso motor de busca (ou search engine) que se chama Jobrapido, que nos permite encontrar todas as ofertas de trabalho publicadas em todos os sites de Itália. Basta colocar num rectângulo o trabalho que procuramos, ou a empresa onde queremos trabalhar e puff! aparecem todos os anúncios de trabalho relativos à nossa pesquisa.
Curiosidade das curiosidades foi que encontrei este trabalho no próprio site do Jobrapido.

O que é que eu tive de fazer exactamente?

Bem, tive de criar exactamente o mesmo site mas para um país de tamanho continental como o Brasil. Resumidamente, as tarefas foram:

- criar uma lista com TODAS as cidades existentes no Brasil (cerca de 6 mil)
- criar uma lista com as cidades de nomes repetidos (mais de 300 com o mesmo nome)para depois eliminá-las, porque no sistema não pode haver dois nomes repetidos.
- criar listas de profissões mais comuns e profissões que só existem no Brasil
- tradução de ficheiros HTML
- pensar em Brasileiro e não em Português
- passar sempre as informações para os web developers, que não falam português, porque são eles os encarregados da parte técnica do site


O que aprendi:
- que existem no Brasil cidades com nomes como "Não-me-toque", "Sem-peixe", "Presidente Kennedy"
- a regra era eliminar as cidades que tinham nomes repetidos. Teria de eliminar aquelas com menos habitantes, por supormos que não existiriam tantas ofertas de emprego para essa cidade. Tive de rever esta teoria quando vi cidades com o mesmo nome, uma com 3 mil habitantes, outra com 40 mil habitantes. Pareceria óbvio que eliminássemos a primeira, mas depois ao investigar descobri que a segunda era uma cidade no meio da Amazónia, com 98% de indígenas, e não me parece que eles utilizem um motor de busca para procurar emprego. Por isso eliminámos a de 40 mil habitantes.


Neste momento, estou a desempenhar a função de web marketing, que é essencialmente promover o site e dar-lhe valor na escala do Google. Para o Google nos dar valor (e, consequentemente, aparecermos nos primeiros resultados quando a pessoa procura no google "Ofertas de emprego") precisamos de ter muitos links ao nosso site, como este assim:


Se houver muitos sites com o nosso link, o Google apercebe-se disso e dá-nos pontos, que se manifesta numa escala chamada "Page Rank". Por isso, neste momento, o meu trabalho é contactar sites e dizer-lhes que existimos, que somos um serviço fantástico e que deviam colocar um link nosso na página deles. Envio cerca de 200 e-mails por semana e garanto que não é a coisa mais divertida que já fiz. Mas enfim, parece que é algo indispensável.

O mais interessante deste trabalho são os frutos imediatos do nosso esforço. Foi uma sensação extraordinária quando no início de Fevereiro, depois de um mês de controlo de qualidade, investigação e hard work, finalmente o site fica online. É realmente como um filho que nasceu. Aqui está o resultado.

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