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Não consigo parar de cantar isto

31.8.10



Whenever there's a pool there's always a flirt 
Whenever there is school there'll always be homework 
Whenever there's a beat there's always the drums 
Whenever there's fun there's always Coca Cola yeah 
Always Coca cola 

The stars will always shine 
The birds will always sing 
As long as there's hurts there's always the real thing 
Coca Cola is always the one 
Whenever there is fun there's always Coca Cola yeah 

Coca Cola 
Always Coca Cola



Irmandade

31.8.10
Desde que me conheço, tenho este hábito terrível de querer que toda a gente goste de mim.
Aprendi a duras penas que gostar ou não gostar raramente depende da nossa acção consciente, mas sim de uma força maior qualquer que nos permite sentir empatia (ou desempatia) para com uma determinada pessoa. Comummente chama-se-lhe química.
Ao longo dos tempos fui aprendendo a lidar com o facto de nem toda a gente sentir empatia em relação a mim. Por vezes, perdia tempo a tentar analisar e compreender os motivos de um eventual desapreço (afinal, porque devo ser uma das pessoas mais simpáticas do mundo!) mas em vão. Aí está, nunca depende da minha acção.
Depois de muitos episódios frustrantes, de algumas conquistas de pessoas que à partida decidiram que nunca iriam ser minhas amigas mas que, com alguma dose de encantamento da minha parte, acabaram por sucumbir ao meu poder de friend-making, tentei descortinar o motivo de tal obsessão da minha parte. Por que carga d'água seria para mim tão importante fazer amigos ou que as pessoas gostem de mim??
Percebi recentemente que é por eu não ter irmãos.
Os irmãos são sangue, carne e amizade. São as pessoas mais próximas, da nossa geração, que nos acompanharão durante toda a vida. Não obstante todos os problemas, contrariedades, discussões, diferenças que possam existir no curso de uma vida, estarão sempre unidos pelo DNA e por um sentido de pertença profundo. E eu não tenho isso com ninguém. 
Mas o facto de nunca ter sido particularmente mimada ajuda-me a ser uma excelente amiga. Eu ofereço a minha máquina fotográfica a uma amiga quando já não a uso muito, eu faço transferências de 100 euros se um amigo está em dificuldades, e faço-o de forma tão natural como quem respira. De coração. Porque os meus amigos sustentam o meu.
Por isto tudo, de cada vez que uma pessoa não vai com a minha cara, levo a peito de uma forma dramática. Porque é menos uma pessoa no mundo que poderia ser um irmão de brincar.


Palavras

30.8.10
Por ter uma formação linguística e por ser naturalmente obcecada com as palavras, sei sempre quando utilizo uma palavra pela primeira vez.
Neste momento, estou particularmente feliz com o uso inédito na minha vida do verbo "pulular" no post anterior.


From Priberam:

pulular | v. intr.
 
pulular - Conjugar
v. intr.
1. Brotar; lançar renovos; nascer; romper.
2. Fig. Multiplicar-se rapidamente e com abundância.
3. Ferver; arder.
4. Ter abundância.
 


Made in Italy

29.8.10
Siena, a minha cidade preferida

A Itália é o país do mundo com o melhor marketing.
Há uns meses lia numa revista de economia um artigo sobre jovens empreendedores e retive uma grande verdade: "O Made in Italy funciona sempre".
Tudo que tem o cunho e origem italiana tem a priori sucesso garantido: o vinho, os sapatos, a gastronomia, o vestuário, os clubes de futebol, a alta costura e o cinema. Tem sido assim desde o Renascimento em que a Itália lutava exclusivamente com a França na área da arte e da literatura. 

No entanto, o marketing para as massas da nova geração não foca a arte, nem o calçado, nem a gastronomia, mas foca o amor e a dolce vita. O mundo inteiro - sem excepção - tem uma visão altamente e, a meu ver, dramaticamente, romantizada da Itália. Esta ideia onírica de Itália é transmitida pelo cinema, seja o de boa ou o de má qualidade. Em filmes-obra-prima como Nuovo Cinema Paradiso e Il Postino, as ideias transmitidas prendem-se essencialmente com a sensibilidade do homem italiano, o amor pela arte, o luxo de bem viver. Em filmes-pipoca que pululam nos nossos cinemas, como Em Roma (When in Rome), Cartas para Julieta (Letters to Juliet) e o hit da rentrée Comer, Orar e Amar (Eat, Pray, Love) os temas recorrentes são o encontrar um grande amor. Mesmo que o grande amor não seja um italiano charmoso moreno de olhos verdes, que o mundo inteiro meteu na cabeça que existe aos pontapés em Itália, no filme aparece sempre alguém da nacionalidade da estrela do filme e vivem realmente felizes para sempre, porque a Itália em si favorece o aparecimento da paixão.
Tretas.

Esta imagem cor-de-rosa que se tem de Itália torna-a um dos países mais visitados do mundo, sendo ultrapassado apenas pelos Estados Unidos, pela cidade de Nova Iorque em particular. 
Eu conheci a Itália por dentro: estudei, trabalhei, fiz muitos amigos e alguns inimigos, amei e odiei. Vivi a verdadeira Itália, sem plumas de enfeite, sem máscaras e sem ilusões.  E quando saio do cinema, depois de ter chorado baba e ranho com um filme parvo chamado Cartas para Julieta, apercebo-me o que a Itália é, acima de tudo: uma perfeita máquina manipuladora de massas. 

E agora, dêem-me licença que vou abrir um Nero d'Avola e beber uma taça.

A propósito de fins de namoro...

26.8.10

Pior do que aparecer uma mulher e ajudar a acabar com uma relação que já não andava muito bem mas, que por tal motivo, será sempre conhecida como uma destruidora de lares e assassina de uma relação até então (supostamente) feliz, é o homem que acaba uma relação longa, conquista uma nova mulher, mas que secretamente sabe que a sua ex-namorada é um assunto mal resolvido.
Por isso, se eu tiver de escolher, prefiro ficar sozinha. Não quero ninguém com um passado demasiado presente. 

Eis o novo namorado do meu pulso

19.8.10


Querida Elite, eu já fiz a minha parte.

Da insensibilidade canina

18.8.10

No outro dia, alguém me dizia que o filme Marley e Eu tinha sido um dos filmes da sua vida.
Eu vi o filme há uns meses e não consigo nem sequer lembrar-me do final.

Indignantemente talentoso

18.8.10
O meu pai está a gravar um álbum acústico pelo qual esperou e lutou toda a carreira. Será um álbum com alguns clássicos da música angolana e alguns inéditos. Uma coisa bem africana e elegante, bastante diferente do que as pessoas estão habituadas a ouvir cá em Portugal. Eu participei no álbum cantando um dueto com ele. O produtor, um brasileiro dos mais talentosos que pode existir - génio diria - está a cuidar de todos os detalhes do álbum: desde a gravação até aos arranjos.
Entrei no estúdio improvisado do Tuniko, cantei a minha parte, brinquei com a Fender dele sonhando com um novo eu, quiçá uma futura Ayo ou Tracy Chapman, e fui-me embora. Mais tarde quando foi ouvir a gravação, desprovida de qualquer tipo de arranjo ou ajuste final, ficou estarrecido. Deu um murro na mesa e gritou:
- Puta que pariu essa família!! Vão ter talento assim lá pró caralho!
Segundo ele, estava muito bom.


É assim que eu reajo quando oiço Djavan. Ouço com o prazer que só a música pode dar e sinto um misto de felicidade e indignação, como quem demanda aos céus:
- Como é que é possível ter-se tanto talento assim?
Quando oiço uma determinada música, principalmente se tocada ao vivo, estou atenta aos mais ínfimos pormenores. E rejubilo. Vibro. Aplaudo. Comovo-me.
Por vezes trata-se de uma entrada numa nota que não estamos à espera, de uma aliteração linguística perfeita - ele é exímio em brincar com os sons da língua portuguesa. Ou então é uma sucessão de acordes que nos soa como o paraíso nos tímpanos.
Ontem à noite, ao trabalhar numa tradução até às 2h00, o Djavan acompanhou-me. Encontrei no You Tube uma canção que ainda não conhecia e ouvi-a no repeat cerca de 30 vezes. Sou excessiva, eu sei.
Mas gosto de abusar do que é bom...e vou-me aguentando bem nesta esquizofrenia emocional.


A canção viciante era esta:

O cúmulo do subreal*

17.8.10
Vou chegar aos 107 anos (sim, a parte branca da minha família é conhecida pela sua longevidade) e ainda me vou lembrar do que aconteceu no fim-de-semana passado:

- saio com dois amigos bem-parecidos;
- um dos amigos é iraniano e o outro é norte-americano;
- um deles é muçulmano convicto e o outro combateu na Guerra do Iraque;
- ambos arrastaram-me para o concerto do Tony Carreira na Praia da Rocha, enquanto eu queria era ir beber caipirinhas para o Bolan, em Alvor.
- eu não conheço absolutamente nenhuma música do Tony Carreira, nem sequer sou capaz de dizer o nome do seu maior sucesso, e o iraniano e o americano estavam no concerto a vibrar e a cantar todas as músicas a altos berros e agarrarem-me nas mãos, dizendo: "This is good stuff!!".

Bem, depois disto, não sei o que mais me pode acontecer.


* Nota: eu sei que subreal não existe. É apenas um termo que tenho vindo a usar na minha interacção com as pessoas e gosto de ver a cara de choque delas ao ouvirem-me a dizer esta palavra.

O Ego mede-se em centímetros?

17.8.10
Nelson Évora *


A auto-estima dos homens está proporcionalmente relacionada com o tamanho da pila que têm. Portanto, a partir do momento em que se apercebem de que são bem dotados, nós mulheres temos o caldo entornado.
E como é que descobrem eles tal facto? Há duas grandes fontes de informação:
- em termos comparativos, numa concorrência aguerrida mas subtil num dos muitos balneários do Holmes Place espalhados por essa cidade fora;
- quando apanham uma mulher, que antes dele só conheceram minorcas, e caem no erro de lhes dizer num momento de maior excitação "Ai, és tão grande". Cabra, não percebeu que naquele momento o estragou para todo o sempre...!
E os homens, achando-se com o rei na barriga, e com a coroa na ponta da pila, começam a comportar-se como se fossem verdadeiros príncipes reais, dignos de todos os caprichos, manias e hábitos irritantes. 
Quem me dera que os homens que conheço e que se têm em muito boa conta, o devessem a uma inteligência extraordinária, a um sentido de humor irresistível, a um coração nobre e puro. Mas não, devem-no exclusivamente aos centímetros avantajados do pénis com que nasceram. 
E de que forma isso é nocivo para nós mulheres?
Muito. Porque um homem com auto-estima alta é um homem que não admite que se engana, é um homem para quem é inconcebível não ter razão sobre qualquer assunto que seja, é um homem que não necessita de demonstrar afecto nem amor, porque afinal ele tem pila grande e pode arranjar as mulheres que quiser e se tu não quiseres, minha amiga, és tu quem perdes. É um homem que não tem medo de perder nada nem ninguém, porque acha - na sua ingenuidade - que enquanto a pila se mantiver daquele tamanho, não lhe irá faltar companhia.
Por estas e outras, estou um bocadinho farta de homens de pila grande.


* Não tenho nada contra o nosso querido atleta Nelson Évora. Acho-o muito giro e simpático, tal como se quer num atleta de triplo salto. Mas queria uma fotografia que ilustrasse bem o que quero dizer...e esta é fabulosa.
Se o Sr.Advogado não estiver de acordo com o uso da imagem do seu cliente, por favor informe-me através de um e-mail, que retirarei de imediato a fotografia.

E no final ele disse:

15.8.10
- You're so fucking special.

E as minhas entranhas bateram palmas!

Balanço de uma semana de férias

12.8.10
Chegar de férias é sempre um corrupio. Combinam-se jantares, um copo com os amigos para sabermos as novidades, despedimo-nos dos que partem de férias agora e fazem-se planos para rentrée. Habituados ao meu entusiasmo com situações corriqueiras da vida quotidiana, todos me perguntam como foram as férias. Eu, cansada da viagem, cansada já de antemão com as semanas que se seguem, de muitíssimo trabalho, respondia sempre com pouco entusiasmo. Tão anti-Rafaela, não é verdade? Respondia apenas que tinham sido boas, mas que uma semana era ridiculamente pouco, que não deu para descansar, que andar por Nice, Cannes, Milão e Veneza em sete dias é muita fruta, etc. Só conseguia pensar que precisava de mais uma semana para estar quietinha sem fazer nada. E tendo regressado já há quase duas semanas, as minhas férias já tinham quase caído no esquecimento. 
Hoje ao escolher as fotografias que haveria de colocar aqui no blog, deparei-me com momentos vividos e com paisagens absolutamente fabulosas. Quase me tinha esquecido que me diverti imenso e que me abstraí da minha vida durante uma semana. Por isso, aqui ficam os melhores momentos em cidades que já fazem parte dos meus lugares preferidos no mundo.

Nice - Panorama

Eu costumo dizer que Nice é um mini Rio de Janeiro. 
As pessoas riem-se e dizem que sou uma exagerada. Brincadeira à parte, há muitas semelhanças: o calçadão largo, a obsessão pelo sol e mar, a música ao vivo espalhada pela rua, os engates fáceis. 
O sol é o maior afrodisíaco e todos sabemos disso, mas Nice também é cultura, história e uma bênção da geografia.
Nice - Place Massena

Passa um eléctrico moderníssimo no meio de uma praça clássica com edifícios vermelhos...
O contraste entre o antigo e o moderno sempre me fascinou.
Nice - Praia

Eu não sei se vem de Deus / do céu ficar azul / ou virá dos olhos teus / essa cor que azuleja o dia...
O Djavan, esperto como é, já cantava este fenómeno na maravilhosa música "Azul".
É a cor que mais impressiona o mais comum dos mortais. E aqui ficamos boquiabertos com o mar. É de um azul que não há cá em Portugal.
Vista do Miradouro

A cor...impressiona-me a cor.
Nice - Place Massena

Provavelmente a minha praça preferida no mundo. 
Nice - Petit-Déjeuner

Os pequenos-almoços são uma perdição. Croissants, tartines, cappuccino e jus d'orange...custa 9,00 euros comer isto num café. Caro como o caraças, eu sei. Mas só vou a Nice uma vez por ano.
Nice - Praia

Uma das coisas de que gosto em Nice é que a praia está mesmo ali. Podemos ir a passear no calçadão, correr ou andar de bicicleta, e se ficarmos com calor, basta ir dar um mergulho. O inconveniente são as pedras, mas para isso existem as esteiras de madeira e as sandálias do tipo Crocs. E a água...tem a melhor temperatura na Europa inteira. Juro.
Nice - Parachute

Para voar em Nice, custa 50,00 euros. Se forem acompanhados de um amigo, o preço é 70,00. Nas 3 vezes que estive em Nice no Verão, sempre me quis aventurar nos ares mas nunca tive oportunidade. Na próxima vez, não me escapa!
Vieux Nice

Esta é a zona antiga da cidade. Plena de restaurantes, cafés e barzinhos, é um sítio muito giro para passear. Estrangeiros misturam-se com locais numa harmonia perfeita. A comida é extremamente cara, por isso quem quer comer a preços baixos em Nice terá de optar por restaurantes italianos, porque os preços nunca fogem muito aos preços padrão.
Havaianas na praia de Nice
Pinot Grigio e Óculos de Sol Armani

Mais Verão e mais Itália do que isto é impossível!
I gondolieri

Há alguns bens giros...e os braços sempres fortes e tonificados.
Veneza - uma rua normal

Se há coisa que me impressiona nas cidades italianas, é a cor das casas. Nas cidades junto ao mar, predominam os vermelhos, laranjas, rosas e amarelos. Depois de tratar a Itália por tu, continuo a fotografar as casas como se fosse a primeira vez que os meus olhos as estivessem a ver.
Veneza - Gôndolas
Veneza - Gôndolas

Se não custasse 90 euros, eu teria andado sem pensar duas vezes.


Milão - Bairro de Brera

Todos dizem que não gostam, mas o mundo inteiro está rendido aos pés do rapaz. Algum motivo há-de haver, não é?

Do sorriso e dos ingénuos

11.8.10

É impressionante o impacto que um sorriso pode ter. 
Normalmente ando sempre com um. Um para cada situação: para a alegria, para o sentimento de ternura, para o embaraço, para a consternação, para a empatia. 
Do lado de fora, um sorriso é o que é: um espelho do coração. Por isso, e por tanto sorrir, todos acham que sou muito feliz.


A ingenuidade sempre me fez sorrir.

O clube dos Homens Bonitos

10.8.10



Vejam isto. 
Estão lá todos os que interessam.

O Rui Sinel de Cordes é bom camarada

9.8.10

Sim, ele tem a cabeça - e o resto do corpo - a prémio. 
Justifica-se?


No ano passado, enquanto lia o blog da querida Kitty Fane, deparei pela primeira vez este nome sonante: Rui Sinel de Cordes. O texto escrito sobre ele não era propriamente bonito, mas a curiosidade sobre o tipo de humor polémico do jovem foi mais forte do que eu...e lá me lancei nas pesquisas por essa Internet fora. A primeira coisa que encontrei no Google foi o texto muito bem escrito no blog Coisas Simples, que só por si deveria ter-me desmotivado e ficado a odiar automaticamente o humorista. Mas como nunca fui de me guiar pela cabeça dos outros, fui directamente à fonte. Adicionei-o ao Facebook e conversei com o rapaz sobre o estilo de humor que tão controverso se revelou. 

O Sinel fez alguns programas na Sic Radical (Preto no Branco e, mais recentemente, Gente da Minha Terra) e encontrou um nicho de mercado muito particular: o humor negro, ou como ele gosta de dizer, "ofensivo". Mas não passa exactamente disso: humor. Há quem ache piada ao que ele disse sobre o musgo de entre as pernas da Eunice Muñoz, sobre as crianças baixas e amarelas do IPO ou sobre os pretos da Amadora que só podem ser traficantes ou rappers. E há quem não ache. A questão é tão simples quanto isto. O Rick Gervais faz coisas parecidas e é um dos melhores humoristas do mundo.

Um ano mais tarde, ou seja, há umas semanas, o jovem Rui Sinel de Cordes entrou em contacto comigo, perguntando-me se gostaria de ser entrevistada para um novo programa que vai sair em Setembro: Gente da Minha Terra - Europa. O Sinel está em digressão por esta Europa fora à procura de portugueses que estejam a morar no estrangeiro e que queiram contar, num tom engraçado, a sua experiência de emigrantes. Contei-lhe que ia e vinha frequentemente de Itália, depois de lá ter vivido 3 anos, e fui considerada a pessoa ideal para a entrevista. As duas semanas que antecederam o nosso encontro foram de verdadeiro terror, com medo de eventuais perguntas embaraçosas, com a pressão de ter de ser engraçada porque afinal de contas é um programa humorístico, com o medo de a câmara engordar 10 quilos e eu parecer uma baleia. Mas...o dia do nosso encontro revelou-se uma bela surpresa. E divertimo-nos à grande.

Na quinta-feira passada encontrámo-nos em Milão e mostrei-lhe a cidade com os meus olhos. Apresentei-o aos meus amigos, levei-o a jantar e ele pagou-me copos. Foi uma noite de óptimo astral: acreditem, um humorista que nos diz "Divertes-me, Rafaela" é a mesma coisa de a Jennifer Lopez me vir dizer: "Tens um rabo maravilhoso". A entrevista ficou boa, a peça sobre a cidade de Milão também, e tenho a sensação que dali poderá nascer uma amizade, quase arriscaria.

Em Setembro, espreitem na Sic Radical para ver o Gente da Minha Terra - Europa. E um conselho: mente aberta. Ter sentido de humor é não fazer associações com os nossos credos e com o nosso background. Ter de humor é ser livre o suficiente para sair da nossa pele, da nossa vida, do nosso corpo e...rir. Como as crianças.


Nota: 
É, sem dúvida, um gajo com pinta e bem-disposto. Mas o que mais gosto nele e depois de tantas mensagens e e-mails trocados é a forma como escreve: ele não dá erros nenhuns. Quando o congratulei pelo facto de escrever tão bem, cada vez mais raro hoje em dia, ele respondeu-me simplesmente:
- Ainda sou do tempo em que a professora nos batia com uma régua de madeira se déssemos erros.
E, mais uma vez, fez-me rir. E sem câmaras por perto.

1 anno in Portogallo

6.8.10
Oggi fa un anno esatto che ho lasciato l'Italia e sono tornata in Portogallo.
Sembra ieri. Minchia.

Os pecados da globalização

5.8.10
A nova colecção de Outono-Inverno da Benetton tem nos casacos o seu ponto forte, como nos tem vindo a habituar nos últimos anos
Na semana passada, na maior loja United Colors of Benetton de Milão, fiz um esforço hercúleo para experimentá-lo sob os 38 graus que se faziam sentir. Estive vai-não-vai para comprá-lo, apesar da (não muito) módica quantia de 129 euros.

Depois só me conseguia lembrar do meu último flop a nível de moda: o de ter comprado um vestido lindo na H&M de Roma por 40 euros convencidíssima que aquilo só seria vendido no mercado italiano e de, na semana seguinte, tê-lo visto em Lisboa por 15 euros. 
Decidi que agora não compro nada à primeira vista, a não ser quando tenho a certeza que é algo exclusivíssimo daquele país ou região. Longe vão os tempos em que podíamos orgulhar-nos e dizer "comprei esta camisola em Itália". Nos dias de hoje, as peças são as mesmas em todo o mundo. 
E isso deixa-me algo triste.

O dia em que voei com a Easyjet pela última vez

5.8.10


Quinta-feira, dia 22 de Julho

Foi um dos dias com mais trabalho no escritório. Para além de ter um colega de férias, o que aumenta  automaticamente o volume de projectos em curso para cada um dos colegas presentes, era também o dia em que partiria de férias, tendo de passar os meus projectos para a minha chefe. Muita tensão, pouco tempo para fazer tudo. Entro às 17h00 no escritório do poderoso chefão para discutir os objectivos alcançados no trimestre anterior, avisando-o há dois dias que às 18 em ponto tenho de sair do escritório, para ir apanhar o avião.

Saio às 18h00 do escritório do chefe. Entrei logo em holiday mood. Verifico uma última vez o meu e-mail pessoal, que me brinda com esta bela mensagem:

Dear RAFA,

Your easyJet flight, number 2716 to MXP on 22/07/2010 has regrettably been cancelled.
We understand that cancelling your flight will cause you inconvenience and we are very sorry when things don't run as scheduled. 



Tremi da cabeça aos pés. "Não, isto é SPAM, não há problema, não te preocupes". Li até ao final e a conversa parecia mesmo séria. Liguei para o aeroporto de Lisboa:
- Não podemos ajudá-la. Tem de falar directamente com a Easyjet.

A Easyjet não tem um número de apoio em Portugal, por isso tenho de ligar para Inglaterra. Depois de 15 minutos a tentar estabelecer ligação, lá consegui que me atendessem. Perguntei se era verdade e o que se tinha passado, ao que me responderam que o cancelamento devia-se à greve dos controladores de tráfego aéreo em França. Ok, seus grandes tansos, eu vou para Milão, não podem fazer outra rota qualquer e desviar-se de França? Não, não podia. Decidi reservar imediatamente outro voo. 30 minutos depois de conversa com a assistente do Customer Care e de ela estar quase, quase, quase a mudar o meu voo, a chamada cai.

Isto ao mesmo tempo que mantinha a Lúcia, a minha companheira de viagem, no telemóvel, no outro lado da linha enquanto lhe explicava toda a situação. Ela que estava a caminho do aeroporto com a nossa mala conjunta de 20 kgs.

Tensão, suor e lágrimas que querem saltar. Ligo novamente. Apanho um homem: rápido, eficiente, que me reserva os 2 voos para ir e voltar em dois tempos. 

Depois o silêncio no meu escritório. Os chefes tinham ido embora, eram 19h45. Só consegui voo de ida no domingo, dia 25, três dias depois do previsto. Começam os telefonemas para os amigos que me esperavam:

- Renée, cancela a festa de amanhã.
- Pierluigi, não vou poder dormir à tua casa hoje.
- Sim, reservas do Hotel em Nice? Gostaria de adiar a reserva por 3 noites, por favor.
- Colegas de trabalho? Nada de jantarada no fim-de-semana, fiquei em terra.

Nessa noite, eu e a Lúcia fomos jantar a um restaurante italiano, amaldiçoando a greve dos franceses, reclamando da nossa má sorte. Bebemos um Nero d'Avola inteirinho e comemos um spaghetti alla carbonara para afogar as mágoas.
No dia seguinte, dia em que tinha almoço marcado com uma ex-paixão, fui para o escritório trabalhar. Com o rabinho entre as pernas.


Nota importante: Não sou, nem nunca fui uma pessoa forreta. No entanto, paguei mais de 200 euros por este voo, comprado com 3 meses de antecedência e obviamente que estou à espera que a companhia aérea faça todos os possíveis para me deixar contente.
Por isso, e depois do desaire do ano passado, informo publicamente que foi a última vez que voei com a Easyjet.

Uma semana de férias? Bah!

3.8.10
No código do trabalho, na secção relativa às férias, deveria existir uma cláusula que estipulasse um período mínimo de férias a gozar: este nunca deveria ser inferior a duas semanas.

Não é concebível que em apenas 7 dias, ou melhor, (os 2 dias do fim-de-semana são um dado adquirido, por isso não contam), que 5 dias de férias, segunda, terça, quarta, quinta e sexta, uma pessoa consiga descansar.
Longe de mim ser ingrata para com os senhores que lutaram pelos direitos dos trabalhadores porque há 100 anos não havia cá 25 dias úteis de férias para ninguém, mas volto a repetir que 1 semana de férias não é suficiente. Este é o primeiro ano em que trabalho sob um contrato de empregabilidade normal e em que tenho direito a férias "normais", por isso decidi ir tirando uma semana aqui e ali, com um medo sufocante de as esgotar rapidamente, e tiraria duas semanas no início de Setembro para ir a Israel.
Maus cálculos, devo admitir:
- primeiro, porque afinal não vou a Israel - aquilo anda meio instável para aquelas bandas;
- segundo, porque estourei dinheiro nas férias pequeninas;
- terceiro, porque calhou-me na rifa a módica quantia de 2500 euros de IRS para pagar no mês de Setembro, logo não é um bom mês para ir de férias...se bem que podia mandar os senhores das finanças num avião para Israel para o meio das bombas e eu podia ir para a praia e para Tel-Aviv comer húmus e boiar no Mar Morto;
- quarto, porque percebi que as férias passadas a viajar, a andar 10 kms por dia, por mais bonito e satisfatório para o meu ego odisseador que possa ser, não me ajuda a descansar. E é disso que eu preciso.

Pois bem, dito isto, e não ignorando o facto que em uma semana muita coisa pode acontecer, aqui vão alguns tópicos relativos à semana passada que irão ser focados nos próximos posts:

- o voo da Easyjet Lisboa-Milão que foi cancelado, cuja informação sobre o mesmo cancelamento recebi 2 horas antes da partida num e-mail não formatado, sem sequer uma palavra a negrito ou em maiúsculas;

- o consequente adiamento da minha partida em 3 dias, fazendo-me perder 3 dias de férias;

- a entrevista com o jovem humorista Rui Sinel de Cordes para um programa de televisão que irá estrear em breve e a nossa noitada de gargalhadas e copos juntos;

- a minha gravíssima e enxovalhada declaração pública no Facebook em que afirmava "Desculpa Paris, mas Nice é o meu sítio preferido em França";

- o que se pode fazer em Nice, Cannes, Milão e Veneza, cidades que já visitei várias vezes e que me transmitem boas vibrações;

- a minha primeira experiência com um Couch Surfer;

- as melhores fotografias, claro!

Pessoal, estou de regresso!

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